Achávamos que podíamos governar sem o Congresso, conta Collor

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2015 07h35
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Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello conta a Marco Antonio Villa que o maior erro de sua gestão entre março de 1990 e outubro de 1992 foi ter excluído o Congresso de seu plano de governo. “Não ter dado ao Congresso Nacional a importância que tem, precisa e merece foi com certeza o maior erro que cometi durante meu mandato”, avalia.

Collor pondera que contrariou os interesses de muitos da classe política. “No fulgor dos meus 40 anos de idade e com equipe extremamente jovem, nós todos julgávamos sermos capazes de mudar o Brasil do dia para a noite e esse nosso voluntarismo fez com que os interesses contrariados fossem muitos”, e completa, “achávamos que podíamos governar sem o Congresso e isso em uma democracia é impossível”.

No entanto, o atual senador pelo PTB de Alagoas classifica seu governo como um momento de virada na história do país. “O meu governo é marcado pelo grande salto adiante que o Brasil deu na busca da integração competitiva com o mercado internacional, pela abertura dos portos aos produtos importados e que fizeram com que a nossa indústria se tornasse mais competitiva”, analisa.

Impeachment

O ex-presidente julga que o processo de impeachment foi iniciado por setores descontentes com as políticas implantadas por ele e destaca que a ação foi um golpe parlamentar, uma vez que os deputados teriam sido pressionados a votar. “O regimento da câmara previa o voto secreto para afastamento de presidente e eles mudaram isso. Uma medida somente para compor um quadro que eu chamo de quartelada parlamentar”, conta. De acordo com Collor, a votação foi marcada para dia 29 de setembro, próximo das eleições municipais de 3 de outubro. Os políticos teriam ficado receosos em ir contra o impeachment porque temeriam que isso pudesse prejudicar seus candidatos nos estados de origem. Ele também atribuiu sua saída a “preconceito” e “despeito” por ele ser alagoano e contrariar interesses de grandes empresários.

Collor também negou as acusações de que realizaria esquemas ilícitos com seu tesoureiro de campanha Paulo César Farias. “Em momento nenhum nada disso aconteceu. E melhor do que a minha palavra são as decisões tomadas pela justiça, que, diante de todas essas insinuações e acusações, demonstrou que nada disso aconteceu nem existiu que tivesse redundado na participação do presidente da República com qualquer ato de corrupção”, defende. E quando questionado se guarda algum tipo de rancor de ter sofrido o impeachment, diz que não: “isso é uma página virada embora tenha servido para mim de experiência”.

Ouça entrevista completa no áudio acima.

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