Após prisão de Delcídio Amaral, senadores relatam constrangimento e perplexidade

  • Por Jovem Pan
  • 25/11/2015 16h19

Os senadores petistas Delcídio do Amaral (PT-MS) e Humberto Costa (PT-PE) conversam durante sessão que contou com forte presença governista

Geraldo Magela/Agência Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) conversa com Humberto Costa (PT-PE)

Após ser preso por oferecer R$ 50 mil para que Nestor Cerveró não realizasse delação premiada, Delcídio Amaral (PT-MS) entra para a história como o primeiro senador preso durante exercício do cargo.

Já tido como assunto do dia no Congresso Nacional, senadores destacaram a perplexidade com a prisão do petista. Delcídio foi citado em delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, a quem Delcídio teria tentado convencer a deixar o país antes do acordo com o Ministério Público. O senador, porém, não fora citado na primeira denúncia contra os políticos apresentada ao Supremo.

Delcídio é acusado de ter oferecido R$ 50 mil para Cerveró, em conversa com o filho deste, gravada pelo mesmo, para o ex-diretor não aceitar a delação premiada. O senador ofereceu também um jato para Cerveró fugir para a Espanha, onde tem nacionalidade e poderia constituir residência fixa.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa admitiu que a prisão afeta o partido, mas acredita que os fatos deixam claro que não há participação ou envolvimento do Governo nos crimes que estão sendo investigados. “Nós entendemos que esse fato, por mais grave que seja, não deve contaminar a atividade legislativa. Temos assuntos gravíssimos da importância e de interesse do País e devemos fazer com que eles continuem andando”, disse.

Para o senador petista Paulo Paim, a Casa foi surpreendida e admitiu que a prisão do colega de partido gerou certo constrangimento. “Todo mundo ficou perplexo. Nem se imaginava que isso poderia acontecer. Um constrangimento generalizado aqui na Casa”.

A prisão do petista, para o senador pelo Democratas, Ronaldo Caiado, complica as propostas do Governo que tramitam no Senado. “Interrompe todas as votações do dito ajuste fiscal do Governo, porque o líder era o articulador de todos os acordos produzidos para que essas matérias fossem votadas”, explicou.

Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede) defendeu que o Senado não tome nenhuma atitude que possa atrapalhar o trabalho da Justiça e disse esperar que os parlamentares referendem a decisão tomada pelo Supremo e pelo MPF. “Em um Estado democrático de direito não existe presidente, senador, deputado. Existe a lei e o império da lei acima de tudo. Se ocorreu obstrução de investigação, o Senado não pode deliberar em contrário”, argumentou.

O presidente do Senado, Renan Calheiros afirmou que essa é uma situação única: “nós nunca tivemos um caso desse na história da República, de modo que é uma situação única”.

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