“Atraí toda a cólera do Brasil sobre a minha vida”, diz Tia Eron

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2016 11h09
Brasília - Deputada Tia Eron na reunião do Conselho de Ética da Câmara sobre cassação do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar (Wilson Dias/Agência Brasil) Wilson Dias/Agência Brasil Tia Eron durante votação do parecer contra Cunha no Conselho de Ética - Ag. Câmara

“Voto de minerva” a favor do parecer que pede a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a deputada Tia Eron (PRB-BA) se vangloria de não ter cedido às pressões. Eronildes manteve silêncio e suspense até o último momento e surpreendeu parlamentares que apostavam em uma escolha pró-CunhaCom o relatório a favor da cassação do peemedebista aprovado, o caso do presidente afastado da Câmara segue para o plenário da Casa.

Questionada sobre o que viu de mais “repugnante” na Câmara em seu primeiro mandato como deputada federal, Tia Eron se disse assustada com o “senso comum”, que “coloca todos como farinha do mesmo saco”. Ela lembra que foi taxada de fazer parte de uma “massa de manobra” já no primeiro dia em que foi escolhida para o Conselho de Ética, órgão demorou oito anos para analisar o caso de Cunha. “Atraí toda a cólera do Brasil sobre a minha vida. Eu fui hostilizada”, diz Eron em entrevista exclusiva ao programa Morning Show da Jovem Pan nesta quarta-feira (15).

Tia Eron não esconde que vibrou com a eleição de Cunha para a presidência da Câmara no ano passado e diz que “de fato a produtividade na Câmara dos Deputados nunca foi como foi com Eduardo Cunha”. Ela afirma, porém, que “caíram do cavalo” os que acharam que “ela é aliada, ela é amiguinha e vai me proteger”. “Ele (Cunha) não foi presidente da Câmara apenas com meu voto. Isso (ter votado por Cunha na Presidência da Casa em fevereiro de 2015 e elogiado a postura do parlamentar) não me faz aliada, muito menos massa de manobra”, critica. “A imprensa já tinha dado meu voto, já tinha votado por mim”, ironiza a deputada do PRB. A parlamentar se diz “vítima” dos que esperavam um voto pró-Cunha.

Tia Eron reconhece ainda que conversou com o copartidário Celso Russomanno e sofreu outros tipos de pressões, mas garante: “o que estava pesando ali era meu livre convencimento”. Ela afirma que “algumas pessoas interpretaram como charme” sua demora em anunciar o voto contra Cunha, porém reafirma que sua escolha foi “livre de paixões e influências” e de “tudo que pode macular esse livre juízo”. “O que eu precisava era do relatório com as provas. Prova ninguém pode contestar“, explica, justificando a demora. “Eu não fundamentava coisa alguma (antes do relatório)”, afirma.

Questionada se acha que Cunha será cassado no plenário da Câmara, Tia Eron desconversou, mas deu a entender que acredita na saída do peemedebista, ou que pelo menos já fez sua parte, quando “estava encabeçando a lista” de votantes no Conselho de Ética. “Creio que nós teremos de fato o Brasil passado a limpo”, conclui a deputada.

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