CPI da Petrobras ouve ex-ministro da CGU e presidente do Coaf

  • Por Agência Câmara Notícias
  • 07/07/2015 10h15
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro. 04/03/2015 REUTERS/Sergio Moraes REUTERS/Sergio Moraes Sede da Petrobras no Rio de Janeiro

Começou há pouco a reunião da CPI da Petrobras convocada para ouvir os depoimentos de três pessoas: o ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU) Jorge Hage; Antônio Gustavo Rodrigues, presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), e Stael Fernanda Janene, viúva do ex-deputado José Janene.

Jorge Hage foi convocado para responder a acusação feita pelo advogado inglês Jonathan Taylor de que a CGU não investigou suspeitas de pagamento de propina pela empresa SBM Offshore no ano passado por conta do calendário eleitoral.

Em depoimento à CPI em Londres, Taylor, que durante nove anos trabalhou na SBM, disse que a empresa pode ter feito pagamentos de mais de 92 milhões de dólares em propina em troca de contratos com a estatal entre 2003 e 2011.

Ele chegou a este valor com base nos 193 milhões de dólares que o representante da SBM no Brasil, Júlio Faerman, recebeu como comissão pelos contratos com a Petrobras nesse período. Segundo o advogado, 2/3 deste total eram destinados ao pagamento de propina. Ele disse ter fornecido essas informações à CGU, no ano passado, e acusou o órgão de não ter investigado o caso.

Mercado de dólar
Já o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues, foi convocado para falar do sistema de controle do mercado financeiro, principalmente sobre a atuação de doleiros, usados para lavagem de dinheiro de propina pela Operação Lava Jato.

A presença de Rodrigues na CPI surgiu depois que a comissão ouviu, em Curitiba (PR), a doleira Nelma Kodama, acusada de operar em parceria com Alberto Youssef na lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

No depoimento, ela disse que operadores de câmbio têm conhecimento das brechas do sistema e que a legislação brasileira que regula o mercado financeiro é falha, corrupta e existe “porque há participação dos bancos, das instituições financeiras e do Banco Central”.

Kodama foi condenada a 18 anos de prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ela enviava dinheiro para o exterior por meio de sistema semelhante ao adotado por Youssef, com a criação de empresas de fachada que simulavam operações de exportação falsas e emitiam notas frias.

Viúva
A viúva de José Janene foi convocada para falar do relacionamento do ex-deputado com o doleiro Alberto Youssef. Youssef acusa Janene, morto em 2010, de ser o mentor do esquema de cobrança de propina na Petrobras.

Apesar de não ser acusada no processo da Operação Lava Jato, ela comparece à CPI munida de um habeas corpus que lhe dá o direito de não responder perguntas que possam comprometê-la.

Janene morreu em 2010 em consequência de doença cardíaca grave, constatada por junta médica da Câmara em 2006, quando ele respondia a acusação de envolvimento no Mensalão. Segundo o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, Janene era o centro do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras e atuava em nome do PP, partido que liderava na Câmara.

O nome de Stael Janene foi envolvido em polêmica depois que o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse ter informações atribuídas a ela de que o ex-deputado pudesse estar vivo. Ela desmentiu a notícia.

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