Desembargador rejeita pedido de Palocci e fica na Lava Jato

  • Por Estadão Conteúdo
  • 26/10/2016 21h46
BRA01. CURITIBA (BRASIL), 26/09/2016.- El exministro de Hacienda de Brasil, Antonio Palocci, uno de los hombres más influyentes en los Gobiernos de Luiz Inácio Lula da Silva y Dilma Rousseff, llega hoy, lunes 26 de septiembre de 2016,a declarar en el caso de corrupción de la Lava Jato donde es acusado de recibir sobornos para intervenir en ambas administraciones en defensa los intereses de la constructora Odebrecht, en Curitiba (Brasil). EFE/HEDESON SILVA EFE/HEDESON SILVA EFE - Ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci chega a Curitiba em prisão temporária para falar à Lava Jato

O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), rejeitou hoje, em decisão liminar, a exceção de suspeição criminal movida pela defesa do ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma). As informações foram divulgadas pelo TRF4 (50434933120164040000/TRF).

Palocci foi preso na Operação Omertà, 35.ª fase da Lava Jato. A Procuradoria da República e a Polícia Federal sustentam que o ex-ministro captou R$ 128 milhões da empreiteira Odebrecht e repassou parte desse valor para o PT. A defesa de Palocci nega enfaticamente atos ilícitos a ele atribuídos.

O desembargador Gebran rejeitou ainda exceção de suspeição movida por Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, que também foi preso na Omertà.

A exceção de suspeição agora será submetida a julgamento de mérito. Até essa sessão, ainda sem data marcada, os processos relacionados à Lava Jato seguem sendo analisados por Gebran normalmente.

Os advogados de Palocci e Branislav questionaram a condição de imparcialidade do relator para julgar os processos relacionados à referida operação.

Segundo a defesa, Gebran “teria estreitos e profundos laços de amizade com o juiz Sérgio Moro, com relação de compadrio entre ambos”. Moro conduz as ações penais da Lava Jato em primeiro grau judicial.

A defesa de Palocci e Branislav ressaltaram que o desembargador Gebran teria manifestado publicamente seu apreço às decisões de Moro, o que colocaria sob suspeita sua atuação.

Conforme Gebran, “não há suporte jurídico na postulação, que traz premissas falsas”.

“Eventual amizade entre julgadores de primeiro e segundo graus de jurisdição não provocam suspeição. Esta só ocorre quando há vínculo estabelecido entre o juiz e uma das partes ou entre o juiz e a questão discutida no feito”, destacou Gebran.

O desembargador acrescentou que “a magistratura é uma carreira e a existência de vínculos é normal”.

Com o objetivo de que “não paire qualquer dúvida a respeito de sua imparcialidade”, Gebran respondeu um a um os questionamentos da defesa.

O relator afirmou que não é padrinho de nenhum filho de Sérgio Moro e “tampouco este é padrinho de qualquer de seus filhos, sendo a informação fruto de especulação da mídia”.

Gebran acrescentou que ele e Moro foram contemporâneos no programa de pós-graduação da Universidade Federal do Paraná e tiveram o mesmo orientador, “tendo tido com este um relacionamento normal de colega, com enriquecedores debates acadêmicos”.

“Qualquer impugnação que procure atribuir parcialidade ao julgador deve ser séria e calcada em fatos concretos, sob pena de se tornar um ataque leviano e despropositado”, alertou o desembargador.

“O que se constata, até o momento, é a atuação serena, firme, imparcial e transparente de todas as instâncias. O Estado brasileiro e suas instituições estão funcionando de modo adequado”, declarou Gebran.

Outro argumento dos advogados de Palocci foi de que Gebran estaria confirmando praticamente todas as decisões do juiz Moro

Segundo o desembargador, “o tribunal decide os processos em colegiado”.

Para Gebran, a afirmação da defesa estaria colocando todo o órgão sob suspeita. “As decisões não são tomadas apenas pela posição do relator do processo, mas também pelo entendimento dos outros dois membros”, observou Gebran.

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