Eventual governo Temer tem baixa legitimidade, diz vice-presidente do PSDB

  • Por Jovem Pan
  • 19/09/2015 11h39
George Gianni/ PSDB (18/08/2014) Vice-presidente do PSDB e governador Alberto Goldman

O vice-presidente nacional do PSDB e ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, defende que o partido não atrapalhe nem participe de um eventual governo de Michel Temer (PMDB), vice-presidente da República, caso a presidente Dilma saia ou seja retirada do poder.

“Nós podemos apoiar, mas não devemos participar do governo”, disse Goldman em entrevista exclusiva à Jovem Pan neste sábado (19). “O governo Temer tem uma baixa legitimidade”, avaliou o ex-governador, lembrando que ele foi eleito na chapa de Dilma e poderia ser cassado junto à presidente caso a campanha eleitoral da dupla em 2014 passado seja considerada irregular pelo TSE.

Goldman disse que o PSDB só deve apoiar Temer se este se comprometer com “uma mudança estrutural do Estado brasileiro”, que em sua visão está “falido e acabado”. “Não devemos criar condições de ingovernabilidade”, afirmou. “Participar do governo é quando a gente ganhar a eleição, um dia, se a gente ganhar a eleição”, disse também o líder tucano.

Depois, Goldman ressaltou que essa é sua visão pessoal, não do partido. “Não depende de mim”.

“Barco” pró-impeachment

Goldman ressaltou também a importância do PMDB no movimento que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas avalia que ninguém deve tomar à frente do pleito.

“Acho que ninguém deve liderar; é um barco; todos nós estamos remando na mesma direção, alguns estão na proa, outros estão na popa, outros estão no meio”, ilustrou. “Não há uma liderança de um partido ou de outro (…). A sociedade quer isso (o impeachment); nós estamos respondendo a uma demanda”, afirmou Goldman.

Apesar disso, o líder tucano entende que o PMDB “é mais expressivo” que o seu partido, uma vez que tem cerca de 15% das cadeiras da Câmara, contra 10% do PSDB. “Nós não somos dominantes no Congresso Nacional”, afirmou. “O PMDB tem um papel importante”.

É necessária a maioria absoluta (50% mais um) dos votos dos 513 deputados para abrir um processo de impedimento contra a Presidência, caso o presidente da Câmara rejeite os pedidos e a oposição recorra ao plenário da casa. Para garantir o afastamento em si de um presidente da República, são necessários dois terços dos votos, ou 342 deputados.

Sem tensão

Goldman também defendeu que um eventual impeachment ocorra dentro dos limites das leis. “Nós queremos sempre respeitar as instituições”, garantiu o tucano. “(Impeachment) é um dispositivo constitucional, legal, nós não estamos fazendo golpe nenhum, como ela (Dilma) apregoa”.

“Nós queremos que isso se dê em absoluta normalidade. não queremos criar no país uma tensão no país maior do que a que já tem”, disse o ex-governador paulista, citando a crise política, com “esfarelamento das instituições”, e a crise econômica, com o aumento da inflação e outros dados negativos.

Críticas

A “demanda da sociedade” pelo impeachment, na visão de Goldman acontece porque “a presidente da República, Dilma Rousseff, deixou de ser presidente”.

Ele critica a falta de governança de Dilma e avalia que “cada ministério atua separadamente sem nenhuma coordenação com os restantes”, citando Joaquim Levy (Fazenda), Neslon Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil)

Para Goldman, há um “governo dividido”. “O governo tem que ter uma direção, um norte, uma linha”.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.