Funaro é “um dos operadores de Cunha”, diz Janot

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/07/2016 17h28
Elza Fiúza/ Agência Brasil Rodrigo Janot - PGR - Fotos Públicas

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o lobista e doleiro Lucio Bolonha Funaro é um dos operadores do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Funaro foi preso nesta sexta-feira, 1, na Operação Sépsis – desdobramento da Lava Jato -, por ordem do ministro Teori Zavascki, a pedido do procurador

Janot descreve Funaro como “personagem antigo dos noticiários policiais nacionais, envolvido em grandes escândalos de corrupção do Brasil nos últimos tempos”.

“Os elementos indicam, ainda, que um dos operadores dos valores recebidos ilicitamente, ao menos, por Eduardo Cunha, é justamente Lúcio Bolonha Funaro. Ademais, o próprio Funaro solicitou e recebeu para si diversos valores provenientes de esquemas de corrupção”, afirmou o procurador.

No pedido de prisão preventiva de Lucio Funaro, Janot sustenta que “a proximidade” entre Eduardo Cunha e o operador “é antiga e muito mais do que afirmam publicamente”. “Embora digam que apenas se conhecem, verificou-se um estreito e pernicioso relacionamento entre ambos”, relata.

Janot aponta, no documento, “recentes escândalos” em que Funaro foi citado. O primeiro episódio relacionado por Janot é o caso da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). O ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e outros cinco réus são acusados de causar prejuízo de R$ 100 milhões aos cooperados da Bancoop, no período em que ela foi presidida pelo petista (2004 a 2009).

“Apareceu no escândalo do Bancoop, afirmando que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, cobrava propina para intermediar negócios com fundos de pensão em favor do partido”, relata Janot.

O procurador se reporta a outros escândalos que marcaram o ambiente político e financeiro do País nos anos recentes, como o caso Banestado (evasão de cerca de US$ 30 bilhões), nos anos 1990, e a Satiagraha, que em 2008 pegou o banqueiro Daniel Dantas, afinal inocentado pela Justiça. Janot destaca ainda que o amigo de Eduardo Cunha foi envolvido no mensalão.

“Funaro também foi envolvido no caso Banestado e na Operação Satiagraha, na qual chegou a ser preso. Da mesma forma, Funaro foi diretamente envolvido no caso Mensalão, responsável por repassar valores da SMP&B (empresa de Marcos Valério) ao antigo Partido Liberal, em especial a Waldemar Costa Neto, por intermédio de sua corretora Guaranhus. Na época, apurou-se que a Guaranhus repassou a quantia de R$ 6.500.000,00 ao então líder do Partido Liberal, Waldemar Costa Neto.”

De acordo com Rodrigo Janot, “há centenas de comunicações de operações suspeitas no COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) envolvendo Funaro e suas empresas”.

“Segundo se apurou, a movimentação de Funaro se caracteriza pelo trânsito rápido de recursos, com o recebimento de recursos através de TEDs e depósitos em espécie para envio, no mesmo dia, de TEDs e pagamento de cheques emitidos, tendo realizado habitualmente transações desta natureza.”

“Um dos grandes operadores da organização criminosa investigada na Operação Lava Jato é Lúcio Bolonha Funaro”, crava Janot.

Em outro trecho de sua manifestação, o procurador é taxativo. “Funaro é um dos grandes operadores da organização criminosa, responsável por sofisticada engenharia financeira que permite ao grupo criminoso ocultar e dissimular o dinheiro ilícito proveniente dos crimes praticados, o que toma patente a gravidade e a reiteração de seus atos.”

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