Os quatro operadores de propina do PMDB na Lava Jato

  • Por Estadão Conteúdo com Jovem Pan
  • 27/02/2017 20h23

Bruno Luz deixa o Instituto Médico Legal (IML) em Brasília após ser preso junto a seu pai DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO Bruno Luz deixa o Instituto Médico Legal (IML) em Brasília após ser preso junto a seu pai

O PMDB, partido do presidente Michel Temer (PMDB), tem quatro operadores de propinas identificados pela Lava Jato no esquema de corrupção na Petrobras: Jorge e Bruno Luz, João Augusto Henriques e Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano. Os dois primeiros – pai e filho – foram presos na sexta-feira, 24, nos Estados Unidos, alvo da 38ª fase da operação.

Relembre nos vídeos abaixo:

Com três anos de investigações, a Lava Jato fecha o cerca contra políticos do PMDB. O partido controlava a Diretoria de Internacional da Petrobras, no esquema de fatiamento da áreas estratégicas da estatal por partidos da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva. À partir de 2007, a legenda também teve participação na área de Abastecimento, junto com o PP.

Considerados por investigadores da força-tarefa, em Curitiba, engrenagem da complexa e sofisticada máquina de corrupção engendrada na Petrobras, por políticos agentes públicos e empresários, os operadores de propina foram nos três anos de Lava Jato os principais pontos de expansão da investigação – que se encontra em seu momento de maior contraofensiva política.

É da Diretoria Internacional o estrondoso episódio da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Sob o negócio, paira a acusação de prejuízo de cerca de R$ 800 milhões, como a do Tribunal de Contas da União (TCU). A Lava Jato tem um inquérito aberto, em que já foram identificados pagamentos de propinas e irregularidades no negócio.

Imagem de parte da refinaria de Pasadena (Pasadena Refining System), parte do canal de Houston, em 2011

Além da aquisição de refinarias no exterior, a diretoria cota do PMDB cuidava das compras de plataformas de exploração de petróleo fora do Brasil, da aquisição de campos de exploração de petróleo e gás.

Operadores

Fernando Baiano foi o primeiro operador do PMDB preso pela Lava Jato. Ele foi detido em novembro de 2014, acusado de atuar em nome do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró.

Fernando Baiano

O lobista fechou em 2015 acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e conseguiu o direito de cumprir prisão domiciliar – a partir de novembro de 2015 – por suas revelações. Ele citou propinas para o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), nos negócios de Pasadena, entre outros.

Ex-Internacional entre 2003 e 2008, Cerveró teve que fazer delação premiada, após o operador do PMDB confessar seu envolvimento no esquema e a arrecadação de valores para os políticos do partido – que lhe davam sustentação no cargo.

João Henriques é um ex-executivo da Petrobras, que depois de deixar o cargo passou a atuar como lobista. Além de abrir portas na estatal para empresários, operacionalizava a corrupção de agentes públicos e políticos, para garantir benefícios nas disputas de mercado por contratos.

João Augusto Rezende Henriques no IML de Curitiba, PR

Henriques foi preso em setembro de 2015, mesmo mês em que Fernando Baiano fechou sua delação premiada com a força-tarefa. Segundo a Lava Jato, ele tinha relação direta com o ex-diretor de Internacional Jorge Zelada, preso desde julho de 2015 e que sucedeu Cerveró no cargo.

Foi das investigações que tinham como alvo os dois operadores ligados ao PMDB que a Lava Jato chegou à Blackout. A 38ª fase levou para a cadeia o mais antigo operadores de propinas da Petrobras, que foi citado em delações premiadas como elo da corrupção com medalhões do partido. O lobista está preso desde sábado, 25, no Brasil.

Com ameaças veladas de Eduardo Cunha de virar delator e agora a prisão de mais um operador de propinas do PMDB, as chances de um deles buscar a força-tarefa para fazer revelações aumenta, na avaliação de investigadores.

Defesa

A assessoria do PMDB diz:

“O presidente do PMDB, senador Romero Jucá, afirma que os envolvidos nesta operação “não tem relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB.”

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