Previdência no Brasil é ponto fora da curva mundial, diz Meirelles

  • Por Estadão Conteúdo
  • 09/03/2017 11h15 - Atualizado em 04/04/2017 16h30
BRA01. BRASILIA (BRASIL), 24/05/2014.- El ministro de Hacienda de Brasil, Henrique Meirelles, participa de una rueda de prensa en el Palacio de Planalto en Brasilia (Brasil) hoy, martes 24 de mayo de 2016, para anunciar las medidas que el Gobierno brasileño enviará al Congreso con la intención de limitar el crecimiento del gasto público, entre otras medidas para recuperar la economía del país, que enfrenta una grave recesión. EFE/FERNANDO BIZERRA JR EFE/FERNANDO BIZERRA JR Henrique Meirelles - EFE

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a Previdência no Brasil é ponto fora da curva mundial. “O Brasil já tem gastos entre os maiores do mundo. O problema é a relação de dependência. Quanto maior a população acima de 65 anos sobre a população abaixo dos 65, há maior tendência de gasto com a previdência social. Essa razão de dependência no Brasil ainda é baixa, mas já temos gastos de países que já estão nesta situação Isso mostra que temos um ponto fora da curva claramente: um país ainda jovem, mas com despesas previdenciárias altas”, disse, durante a abertura do Fóruns Estadão que trata da reforma da Previdência nesta quinta-feira (9), na capital paulista.

Meirelles também destacou que a taxa de reposição no Brasil, valor médio entre a aposentadoria e o salário antes de se aposentar, é de 76%, enquanto na Europa a média é de cerca de 50%. “Essa é uma medida de generosidade da Previdência.”

Idade média

O ministro da Fazenda afirmou que, em relação a idade média prevista na proposta de reforma da Previdência, é adequada observando outros países.

Hoje, segundo ele, a idade média de aposentadoria é menor que em outros países. Enquanto no México é de 72 anos e na OECD é de 64 anos a média, no Brasil é de 59,4 anos, menor somente que a média de Luxemburgo. “A aposentadoria no Brasil ocorre cedo. O modelo atual incentiva aposentadoria precoce”, considerou.

Trajetória preocupante

O ministro da Fazenda comentou também durante o Fóruns Estadão que a trajetória dos gastos com a seguridade social tem trajetória ainda mais preocupante que a da Previdência. Segundo ele, enquanto o déficit da Previdência é de R$ 92,2 bilhões, o da seguridade social é de R$ 258 bilhões. 

Segundo Meirelles, os gastos previdenciários em porcentagem do PIB é um dos maiores do mundo. Em 1991, era 3,3%, hoje são 8,1% e, em 2060, se nada for feito, chegará a 17% do PIB.

“Se nada for feito, a Previdência vai ocupar cada vez mais os gastos públicos, considerando que agora temos o teto de gastos “

Meirelles afirmou que hoje as outras despesas do governo, excluindo a previdência, representam 45% e, mesmo que fossem reduzidos a 33%, não seria possível acomodar os gastos previdenciários. “Todas as outras despesas teriam que ser diminuídas para 20%. Então, com essa reforma manter-se-á espaço para os demais gastos dentro da Lei do Teto”, disse.

Previdência rural

O ministro da Fazenda salientou que a reforma da Previdência só funcionará se for incluída a previdência rural, já que esse tipo de aposentadoria tem resultado estruturalmente negativo e tem déficit de R$ 150 bilhões. 

“Existe uma evolução crescente do déficit, principalmente da previdência rural. O resultado da previdência rural é claramente negativo e isso pesa. A previdência urbana também entrou, agora, em trajetória cadente, inclusive com déficit no último ano”, comentou Meirelles. “O fato é que temos que incluir a previdência rural, porque não funcionará se tentarmos incluir só a previdência urbana.”

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