Se acusações se confirmarem, Temer e Aécio têm que sair, diz Janaína Paschoal

  • Por Jovem Pan
  • 17/05/2017 22h11
Agência Brasil Janaina Paschoal

Janaína Paschoal, jurista que assinou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, se diz “muito triste” e “arrasada” com as acusações, em delação do dono da JBS Joesley Batista, de que o presidente Michel Temer teria aprovado a compra de silêncio de Eduardo Cunha na prisão. A advogada defendeu a renúncia imediata de Temer caso a gravação seja confirmada.

“Se isso se confirmar mostra uma irresponsabilidade, uma falta de sensibilidade com o momento que o Brasil está atravessando”, disse em entrevista exclusiva à Jovem Pan.

“Uma conversa recente, no curso de uma Lava Jato, depois de um processo dolorido que foi o impeachment, o presidente comete um ato que caracteriza corrupção?”, questiona Janaína, indignada. “Se isso se confirmar ele tem de deixar a Presidência da República. Ele tem que sair por conta própria”, sugere Janaína, afirmando ainda que Temer está “manchando o nome da faculdade” de Direito da USP, onde ela também estudou. “É um absurdo. Eu quero crer que não é real. Não tem justificativas”.

Aécio

A jurista, que já foi acusada por adversários de receber dinheiro do PSDB no caso do impeachment de Dilma, o que sempre negou, pediu ainda a saída do presidente tucano, senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria sido gravado também pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista para pagar sua defesa na Lava Jato.

“O caso do Aécio é uma vergonha”, classifica Janaína, pedindo desculpa por não ser um termo técnico, mas alegando que está “no calor da notícia”. “Esse homem tem que sair do senado. Onde já se viu? O homem está respondendo um inquérito na Lava Jato e pede dois milhões para pagar um advogado? Se não fosse autoridade seria caso de prisão preventiva”, diz a jurista.

“Eu estou arrasada, passada, como brasileira, mas digo uma coisa a esse povo que eu amo mais que tudo (…): temos que enfrentar de cabeça erguida, não importa quem seja”, afirma.

“Derrubamos dilma. Se isso tudo se confirmar, que caia o Temer. Aécio idem. E todos os outros. O País tem que se fortalecer”, disse ainda Janaína.

Janaína Paschoal também criticou o “discurso” de alguns ministros do STF. “Isso (os fatos revelados) prova a certeza da impunidade dessas pessoas. Está equivocado o discurso dos ministros do Supremo Trbinual Federal quando dizem que colocar essas pessoas em liberdade não colocam em risco a ordem pública”, afirma.

“No meio das investigações, extorquindo empresário. Isso é um absurdo. Eles têm que renunciar”, cobra novamente.

Janaína comparou a divulgação da fala possivelmente criminosa de Michel Temer à publicação, por Sergio Moro, da fala em que Dilma Rousseff, então presidente, teria tentado proteger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de eventual ação da Lava Jato.

“Estamos vivendo um momento parecido ao do diálogo de Dilma e Lula. É um direito do povo ter acesso às gravações o mais rápido possível. Independentemente se for para apontar culpa ou inocência”, cobrou a jurista.

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