Senadora diz que, mesmo com políticos inocentados na Lava-Jato, “o estrago já está feito”

  • Por Jovem Pan/Izilda Alves
  • 08/03/2015 15h38

Em entrevista à rádio Jovem Pan, a senadora do Rio Grande do Sul pelo Partido Progressista (PP), Ana Amélia Lemos, comentou sobre o desgaste que a lista de investigados na Operação Lava-Jato trouxe para a imagem de seu partido, que teve o maior número de nomes relacionados. “Mesmo que as pessoas que estão incluídas nessa lista sejam inocentadas, o estrago político já está feito. É difícil reparar o dano pela simples inclusão do nome na lista na imagem do parlamentar e que atingiu o próprio partido”, declarou.

Dos 13 deputados que serão investigados, oito são filiados ao PP. Para reparar o dano causado, a senadora propôs a mesma punição exemplar atribuída aos adversários políticos. “Deve-se trabalhar para melhorar a imagem do partido [o PP] mudando seus membros na medida em que forem confirmadas as acusações. Teremos punição exemplar, porque a régua ética e moral que usamos para o nosso adversário é a mesma que devemos usar com nosso aliado político”, sugeriu.

Ana Amélia Lemos alertou que os questionamentos principais devem ser ampliados para além das acusações do Poder Legislativo, a fim de que os dois lados da moeda sejam avaliados e não se perca o senso de justiça. “Quem se vende é porque tem quem compre. É preciso avaliar que a delação está se restringindo a Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobrás], que foi indicado pelo PP. Os outros indicados por outros partidos não fizeram delação premiada. Então existe o risco de você estar olhando apenas as árvores e não toda a floresta”.

Para avaliar a necessidade de saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB e nomes principais nas investigações propostas pelo ministro Teori Zavascki, a senadora propôs estudar o regimento interno dos partidos que integram o Congresso Nacional.

Segundo a senadora, com o desgaste político já posto, só resta incitar a aceleração das investigações para que não haja maiores comprometimentos com as propostas do governo federal, como os ajustes fiscais. “Deve-se defender uma investigação rápida para não contaminar todo o trabalho legislativo. Isso acontece às vésperas de estarmos trabalhando nesse duro ajuste fiscal que o governo propôs ao Congresso. Esse ajuste pode estar sendo comprometido se não houver uma rapidez com relação a esse processo”, alertou Ana Amélia.

Alguns nomes do PP presentes na lista já anunciaram disposição para se afastar enquanto durar a investigação, atitude estimulada pela senadora. “Eu acho correta essa atitude, para evitar que um correligionário tenha que toma-la e evitar um constrangimento maior do que já estamos vivendo”, concluiu.

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