Site oficial que defende “legado” de FHC diz que “Lula perdeu moral”

  • Por Jovem Pan
  • 02/06/2016 14h01
Tânia Rêgo/ Agência Brasil Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criou um site defendendo seu legado na política brasileira. Listando as denominadas “80 medidas estruturantes” de seu governo (1995-2002) e as “45 mentiras escandalosas sobre a era FHC”, o texto do portal, mantido pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso, iFCH, tem tom belicoso e ataca por diversas vezes o “lulopetismo”.

O site conta ainda com um perfil recheado de elogios ao tucano, lista 15 “lições” para se elogiar as privatizações realizadas em seu mandato, vistas, segundo o texto “como uma necessidade objetiva de modernizar a máquina pública”, e abre espaço para acadêmicos favoráveis ao governo tucano enviarem teses e artigos que “substanciem a defesa do legado de FHC”.

Há ainda uma aba em que os assessores do ex-presidente elogiam os projetos sociais do seu governo e fazem a “cronologia dos fatos: a construção até o Bolsa Família”. A ideia passada pelo site é de que o sucessor petista, Luiz Inácio Lula da Silva, quando criou o programa de assistência em 2004, apenas “unificou quatro programas” formatados pelo tucano.

“Mentiras escandalosas”

As 45 “mentiras escandalosas” que o site rebate partem de um texto da campanha do PT em 2002 intitulada “45 escândalos que marcaram o governo FHC”. O texto de apresentação ironiza os atuais casos de corrupção.

“Aos olhos de hoje, o documento elaborado em 2002 pelos petralhas do Lula parece uma piada, de mau gosto. Grande parte das acusações que eles faziam contra FHC viraram-se, qual castigo, contra eles próprios”, escreve o artigo, citando o mensalão e o petrolão. O site oficial diz ainda que “Lula perdeu sua moral e luta para não ir se encontrar, junto com seus filhos, com sua perniciosa turma atrás das grades”.

No item “propina na privatização”, os assessores de FHC lembram que o Ministério Público não deu prosseguimento a nenhuma denúncia sobre o caso à época. O site ataca obras que denunciam escândalos daquela época, sem deixar claro se refere-se a “O Brasil Privatizado” do jornalista Aloysio Biondi ou “Privataria Tucana”, de Ribeiro Júnior,

“Pagaram para um picareta escrever um livro contra as privatizações de FHC, divulgaram à rodo, mas nada, nunca, saiu da esfera denuncista. Virou folclore do lulopetismo”, acusa o site de FHC.

O texto não esconde a compra de votos a favor da reeleição, mas nega envolvimento direto de FHC no caso, lembrando que a medida favorecia também os governos municipal e estadual.

“Os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, receberam R$ 200 mil cada um para votar a favor do projeto. Pode ser. Os deputados foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Jamais se comprovou qualquer envolvimento de FHC nesses casos. Ocorre que a reeleição também atenderia aos governadores e prefeitos, e eles se articularam a favor da mudança”, alega a equipe de Fernando Henrique.

Recentemente, o ex-deputado Pedro Corrêa disse em delação à Operação Lava Jato que FHC e o então pretenso candidato à Presidência, Paulo Maluf, disputaram a compra de votos de parlamentares para aprovar a PEC da reeleição.

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