Sucesso da primeira fase da Lava Jato foi graças à delação premiada, diz investigador

  • Por Jovem Pan
  • 30/03/2015 08h34

Vladimir Aras Alan Marques/Folhapress Vladimir Aras

Em entrevista exclusiva do Jornal da Manhã Jovem Pan desta segunda-feira (30), Vladimir Aras, integrante do grupo de investigadores da Operação Lava Jato e secretário de cooperação internacional do Ministério Público Federal, disse que a repatriação de R$182 milhões nessa primeira fase da investigação não seria possível sem os acordos com réus. “Se dependêssemos apenas dos mecanismos tradicionais de cooperação, esses valores demorariam ainda uma década para voltarem ao país”, explicou.

Aras afirmou ser difícil estimar o total de recursos desviado da Petrobras nesse esquema de corrupção por causa da abertura de contas no exterior em nome de terceiros, por isso é essencial a parceria com outros governos. “Neste momento há 41 pedidos de cooperação internacional para diferentes nações”, e acrescentou, “nós imaginamos que os procuradores de Curitiba farão ainda outras dezenas de pedidos que atingirão outras duas dezenas de países”.

O Ministério Público Federal ainda planeja repatriar R$400 milhões, mas ainda é preciso comprovar a origem ilícita desses recursos. O investigador relatou que esse caso de corrupção na estatal “é algo que assusta mesmo autoridades de países que estão acostumados a lidarem com grandes somas como os países europeus e colegas americanos”.

“O que me parece que houve nesse caso foi justamente falta de controle interno”, classificou Aras, “sem profissionais especializados em vasculhar as condutas de seus próprios funcionários é sempre difícil manter a sanidade das finanças”. O investigador ressaltou que essa lacuna repercute diretamente na movimentação de valores para o exterior, já que o superfaturamento de contratos fica à mercê de esquemas criminais.

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