TSE cassa governador do Amazonas e pede novas eleições

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 04/05/2017 13h21
Manaus- AM- Brasl- 25/03/2014- José Melo destaca piscicultura e fruticultura como prioridades do setor primário, durante posse de Sidney Leite na Sepror O governador do Amazonas, José Melo, afirmou nesta quarta-feira, 25 de março, durante a posse do novo secretário de Estado de Produção Rural e Sustentabilidade, Sidney Leite, que o Governo está empenhado em dar as respostas que o setor primário precisa e alavancar a economia do interior do Estado. Entre as prioridades está o fortalecimento da piscicultura e fruticultura, ampliação da malha de estradas vicinais para escoamento da produção e da mecanização agrícola. “O Amazonas precisa se transformar em grande produtor de peixe e das frutas regionais, que são importantes do ponto de vista de alimentos e de remédios. A piscicultura será nosso principal desafio. Aproximadamente 80% de todo o Tambaqui e Matrinxã ainda vêm de Rondônia e Roraima. Mas essa realidade vai mudar, vamos fomentar a atividade econômica e gerar emprego aqui, criar as condições para que o Amazonas se torne autossuficiente e vire o maior produtor de peixe em cativeiro”, disse José Melo durante a solenidade de posse. A cerimônia ocorreu na sede do Governo, no bairro Compensa II, zona oeste de Manaus, e contou com a presença da primeira-dama do Estado, Edilene Gomes de Oliveira, secretários estaduais, deputados estaduais, prefeitos do interior, representantes do setor agrícola e produtores rurais. Para alavancar a atividade econômica no setor primário, o governador destacou ainda que o planejamento do Governo inclui reforçar a assistência técnica e aumentar o acesso de agricultores familiares ao microcrédito. Segundo José Melo, o maior papel do Estado será o de indutor da economia. No caso da piscicultura e fruticultura, além de prestar assistência e disponibilizar crédito, o Governo trabalha para atrair investidores do setor privado, com vistas à industrialização. Com a reestruturação desses s Herick Pereira/ Agecom José Melo de Oliveira

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve nesta quinta-feira (4) a cassação do governador José Melo (PROS), do Amazonas, e do vice Henrique Oliveira (SD). Eles são acusados de terem comprado votos na eleição de 2014.

A chapa deve deixar o mandato imediatamente, mas a defesa ainda pode entrar com recursos. O placar foi de 5 a 2 e votaram pela cassação do mandato do governador e do vice os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Herman Benjamin, Admar Gonzaga e Rosa Weber.

O TSE decidiu também realizar eleições diretas no Amazonas, o que deve ocorrer no final de maio ou começo de junho. Por enquanto, governará o Estado do norte o presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida (PSD).

O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas já havia determinado a cassação de Melo e Oliveira, e o TSE apenas manteve a decisão após recurso que a contestava. O pedido de cassação foi impetrado pela coligação adversária no pleito, que tinha como candidato o atual senador e ex-ministro Eduardo Braga (PMDB), que perdeu no segundo turno.

O julgamento de José Melo havia sido suspenso no dia 23 de março depois do pedido de vista (mais tempo para análise) da ministra Luciana Lóssio, que na manhã desta quinta votou contra a cassação, acompanhando o relator, Napoleão Nunes.

Investigação

Em outubro de 2014, a Polícia Federal coordenou uma missão policial para apurar as suspeitas de que pastores de igrejas evangélicas estariam sendo cooptados no comitê eleitoral de campanha de José Melo com a finalidade de comprar votos dos fiéis.

Durante a operação, realizada na véspera do segundo turno, foram apreendidos no comitê documentos que mostram pagamentos de passagens aéreas, cestas básicas, conserto de carro de som e até construção de túmulo para terceiros. Uma das pessoas presentes no local carregava R$ 7,7 mil em dinheiro em espécie numa bolsa e não soube explicar a origem do dinheiro.

Ministros

“Os documentos mostram de forma suficiente a entrega de vantagens pessoais com a finalidade de obtenção de voto dos eleitores. É desnecessário que o ato tenha sido praticado diretamente pelo candidato”, disse o ministro Luís Roberto Barroso, que abriu a divergência na Corte Eleitoral ao votar pela cassação de Melo.

Relator da ação contra a chapa Dilma-Temer no TSE, o ministro Herman Benjamin concordou com o posicionamento de Barroso e alegou que as provas contra a campanha do governador são “devastadoras”.

“Ocorreu efetivamente captação ilícita de sufrágio. Aqui é uma avalanche de fatos e documentos, no sentido dessa tese da infração e evidentemente o ônus de contradizer essa avalanche é daquele a quem se imputa a infração. Não estamos julgando apenas com base em testemunhas. O julgamento se faz sobretudo com base em prova documental”, frisou Herman.

Para o ministro Admar Gonzaga, “por muito menos se cassou prefeito, vereador”.

A discussão sobre a compra de votos abriu divergência entre os integrantes da Corte Eleitoral. Para Luciana, os recibos apreendidos são “frágeis” e não possuem “força probatória”.

“A grande maioria desses recibos, demonstrados em planilhas, não me tranquilizam, não me dão a segurança para se verificar aqui o pedido de compra de votos. Se diz que estamos diante de uma compra de votos com recibos, mas cadê o pedido? São muitas as dúvidas. Exige-se que a prova apresente robustez para conduzir hipotética conclusão quanto à ocorrência do ilícito e não meros indícios e presunções”, disse a ministra.

“Causa estranheza, no meu entender, que num evento entre 50 e 60 pessoas, nenhuma delas tenha sido ouvida para corroborar as suspeitas que levaram a Polícia Federal a efetuar as prisões”, ressaltou Luciana.

“Absurdo”

Em março, o relator do caso, ministro Napoleão Nunes, votou contra a cassação do governador por não ter encontrado “provas conclusivas fortes e seguras”.

A defesa do governador alegou no início do julgamento que não se podia condenar apenas com base em “depoimentos de policiais” e que cassar o governador “seria um absurdo”.

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