Denúncia contra Cabral envolve apenas Andrade Gutierrez, diz MP

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/12/2016 14h17
BRA01. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 18/11/2016.- Fotografía cedida por la Secretaría de Administración Penitenciaria (SEAP) hoy, 18 de noviembre de 2016, del exgobernador de Río de Janeiro Sergio Cabral, quien fue detenido el jueves, acusado de corrupción por el cobro de comisiones ilegales que, al menos, alcanzan los 66 millones de dólares. Anthony Garotinho y Sergio Cabral, dos de los gobernadores que ha tenido Río de Janeiro en los últimos quince años, amanecieron hoy tras las rejas, tras ser detenidos esta semana por diferentes asuntos de corrupción. EFE/Secretaría de Administración Penitenciaria (SEAP)/SOLO USO EDITORIAL/NO VENTAS/NO ARCHIVO/MÁXIMA CALIDAD DISPONIBLE Secretaria de Administração Penitenciária Ex-governador Sérgio Cabral é fichado na Penitenciária de Bangu

O procurador da República Lauro Coelho Jr., coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, afirmou nesta quarta-feira, 7, que a denúncia oferecida na terça-feira, 6, contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e mais 11 pessoas no âmbito da Operação Calicute envolve apenas o pagamento de propinas por parte da empreiteira Andrade Gutierrez. A ação da PF, deflagrada em 17 de novembro, levou à prisão preventiva do ex-governador.

“As investigações continuam”, disse Coelho Jr., em entrevista coletiva. Segundo o procurador, as investigações conseguiram provas que corroboraram afirmações em depoimento de delação premiada de um executivo da Andrade Gutierrez.

“Sofisticação”

Segundo o procurador Eduardo El-Hage, a organização criminosa que envolve Cabral trabalhava com um nível de “sofisticação muito grande” em termos de métodos de lavagem de dinheiro.

De acordo com El-Hage, o grupo envolvendo Cabral e colaboradores próximos, inclusive ex-secretários de seus governo, “sempre trabalhava com dinheiro em espécie”.

A sofisticação é grande, disse o procurador, porque o esquema de lavagem misturava recursos lícitos com ilícitos, pois duas empresas legais, de pessoas próximas a Cabral, eram usadas, a Reginaves, da marca processadora de frangos Rica, e a rede de resorts Portobello.

Em ambos os casos, consultorias de colaboradores de Cabral (Carlos Miranda e Luís Carlos Bezerra) e o escritório da advocacia de Adriana Ancelmo, esposa de Cabral, firmavam contratos fictícios com as empresas, disse El-Hage.

Assim, as duas empresas devolviam o dinheiro para os envolvidos no caso de corrupção, misturando o dinheiro de propina com a receita real das empresas. Conforme El-Hage, é um sistema mais complexo do que apenas usar empresas de fachada, sem funcionários. “O método (de lavagem de dinheiro) mais difícil de identificar é o da mescla, quando mistura recursos lícitos com ilícitos”, afirmou El-Hage, em entrevista coletiva que ocorre neste momento na sede do MPF do Rio.

Prisão

A denúncia também pediu a prisão de Adriana Ancelmo, aceita pelo juiz federal Marcelo Bretas. Na denúncia, o Ministério Público Federal descreve os supostos episódios de lavagem de dinheiro que envolveriam, de um lado, o escritório Ancelmo Advogados, e, de outro, empresas de consultoria que pertencem a pessoas próximas de Cabral.

Segundo os procuradores, o fato de agentes da Polícia Federal terem achado R$ 53 mil em espécie na casa de Cabral, ao cumprir mandado de busca e apreensão no local, mostra a necessidade dos pedidos de prisão, afirmaram os procuradores.

“A PF encontrou ontem (terça) mais de 50 mil em espécie. É sinal de que eles continuam a movimentar quantidade grande em valores em espécie”, afirmou o procurador Eduardo El-Hage.

Ao todo, na denúncia, são relacionados 21 fatos criminosos de corrupção passiva, lavagem de ativos e pertencimento a organização criminosa.

O procurador da República José Augusto Vagos lembrou ainda que o Tribunal Regional Federal da 2ª Região julgará na tarde desta quarta habeas corpus de dois colaboradores de Cabral que estão presos desde a deflagração da Operação Calicute, um desdobramento da Lava Jato em parceria entre Ministério Público Federal e Polícia Federal de Curitiba e do Rio. Vagos disse esperar que as prisões sejam mantidas pelos desembargadores.

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