“Passamos no teste”, diz Crivella sobre fortes chuvas no Rio

  • Por Estadão Conteúdo
  • 21/06/2017 16h46 - Atualizado em 29/06/2017 00h58
O candidato ao cargo de governador do Rio de Janeiro, classificado para o 2º turno, Marcelo Crivella (PRB, fala à imprensa (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil Marcelo Crivella em 2014 - ABR

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), considera que a cidade reagiu bem ao temporal que atinge diversos bairros desde a tarde desta terça-feira, 20. Ele esteve, na manhã desta quarta-feira, 21, na Rua Cosme Velho, onde houve um deslizamento de terra e declarou que a capital fluminense “passou no teste”.

“Acho que nós passamos no teste. Com exceção de alguns desabamentos localizados, como este aqui no Cosme Velho. E um dos moradores me disse que já havia uma reclamação dos moradores de longo tempo e não foi tomada providência. A cidade resistiu”, afirmou Crivella.

“Agora, estamos na fase de a chuva se acalmar. A previsão é que à tarde não tenha mais chuva. E também a maré baixando, que é importantíssimo para o escoamento de água pluvial.”

A declaração do prefeito diverge dos relatos de cariocas ouvidos pela reportagem. Para a publicitária Julianna Prado, moradora do Alto Jardim Botânico, os problemas começaram nas primeiras horas de chuva. Ela teve a casa alagada após o desabamento do teto da sala.

“Minha casa nem fica em área de risco, mas se formou uma pequena cachoeira em cima da minha casa e o teto não aguentou. Eu tentei tirar os aparelhos eletrônicos, mas acabou ficando tudo molhado, acredito que tenha queimado”, relatou Julianna. “A água também alagou a cozinha e o quarto da minha mãe. Não tinha muito o que fazer, tive que dormir nessa situação.”

A publicitária se deparou com o problema ao chegar do trabalho, no Colégio Centro Educacional da Lagoa. Na escola, funcionários tiveram que pernoitar para amparar crianças que não puderam ser buscadas por seus pais, por causa do alagamento nas redondezas. 

A coordenadora Beth João suspendeu provas que seriam realizadas nesta quarta-feira, 21, por causa do cansaço dos estudantes.

“Nós tivemos que cuidar de muitos bebês da creche e outros alunos. Alguns pais ficaram ilhados, tentando vir buscar os filhos e outros dormiram aqui”, contou a coordenadora. “Ficamos muito preocupados e fizemos de tudo para que a situação fosse menos traumática possível.”

Em outra instituição de ensino, o mais prejudicados foram alunos que fariam provas nesta terça-feira. Alguns tiveram que esperar por mais de uma hora até a chuva diminuir. Para o coordenador de administração do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), Rafael Ferrara, os transtornos poderiam ter sido piores.

“As redondezas ficaram encharcadas. Se essa água tivesse caído antes da inauguração dos piscinões da região, teria sido pior, como aconteceu no ano passado”, afirmou Ferrara. “Não acho que a cidade reagiu bem, e sim que deu sorte. Se a chuva tivesse caído em horário comercial, a cidade estaria parada até agora.”

Crise prejudica galerias pluviais

Crivella afirmou que a crise financeira que resultou em um corte de 60% nos recursos destinados à conservação do município prejudicou a manutenção das galerias pluviais. 

“A nossa crise, a nossa falta de recursos agrava a situação da conservação. O problema da crise financeira do Rio de Janeiro é prioridade. A prioridade é a saúde e a educação. Estamos, neste momento, enfrentando uma coisa atípica”, disse o prefeito. “A gente tinha imaginado que as chuvas tinham acabado em março. Nunca imaginávamos que no meio do ano tivesse uma chuva tão forte. As galerias vão ter que ser revistas, sobretudo aqui na zona sul, onde tivemos alagamentos inesperados, imprevisíveis, na Lagoa, no Jardim Botânico. Eu nunca imaginei ver essa área tão cheia. Nós éramos bem drenados. Tivemos surpresas e vamos tomar providências.” 

A prefeitura do Rio divulgou que mais de 1 mil homens estão atuando nas áreas atingidas pelo temporal, entre agentes da Defesa Civil, da Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb), da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (CET-Rio), da Guarda Municipal, da Secretaria Municipal de Conservação e do Centro de Operações do Rio (COR).

Pistas molhadas

Com o trânsito intenso nas principais vias expressas do Rio, o Centro de Operações Rio recomenda que os motoristas sigam com cuidado por causa das pistas molhadas.

“Solicitamos à população que postergue o deslocamento pela próxima hora e permaneça em locais seguros, evitando trafegar por vias alagadas. As principais regiões que os motoristas devem evitar o deslocamento no momento, são: Jardim Botânico, Maracanã, Catete, Laranjeiras e Grande Tijuca”, informou o órgão

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é de que a chuva diminua ao decorrer do dia. No entanto, há risco de deslizamento nas áreas de risco da cidade.

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