Violência cresce no Rio em ano olímpico

  • Por Estadão Conteúdo
  • 23/12/2016 09h44
Rio de Janeiro - Tropas da Polícia Militar circulam na Cidade de Deus nesta segunda-feira, após operação no final de semana que teve queda de helicóptero e pelo menos 11 mortes (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/ Agência Brasil Polícia Militar do Rio de Janeiro - Fernando Frazão/ Agência Brasil

Mesmo no ano da Olimpíada, em que a segurança pública foi tratada como prioridade pelos governos estadual e federal, os números de homicídios dolosos, de mortes durante ações policiais (de criminosos e dos próprios agentes) e de roubos de veículos, entre outros crimes, cresceram consideravelmente no Rio, na comparação com 2015. As informações, do Instituto de Segurança Pública (ISP), foram divulgadas nesta quinta-feira (22).

Os homicídios aumentaram 19,7% de janeiro a novembro, chegando a 4.572 – foram 754 mortes a mais em 2016. O contingente de policiais mortos em serviço foi de 36, ante 23 em 2015 (alta de 56,5%). Os homicídios cometidos pela polícia subiram 32,3% no período, totalizando 815 registros. 

A chamada letalidade violenta – homicídio doloso, roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e homicídio decorrente de oposição à intervenção policial – aumentou 23,2%. Foram 5.647 casos neste ano. Os municípios da Baixada Fluminense, do norte do Estado e em São Gonçalo, no Grande Rio, em especial, puxaram os números para cima.

De outro lado, houve queda da produtividade policial: as armas apreendidas diminuíram 1,3%; as prisões, 4,7%; e os cumprimentos dos mandados de prisão, 8,4%. O fato coincidiu com o aprofundamento da crise financeira do governo do Estado, que vem atrasando salários e não pagou o 13.º dos policiais.

“O policial está desmotivado. A taxa de morte de PMs, incluindo aí as de suicídio, é uma calamidade”, avalia José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública. “É preciso criar condições para que eles queiram revistar, fiscalizar, prender. A ressaca da Olimpíada está muito mais amarga do que se imaginava”.

Efetivo na rua

Antropólogo e ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais, Paulo Storani credita a volta da violência ao fato de o investimento na Olimpíada ter sido “pontual” e ao aprofundamento da crise fiscal. “Para reverter, só com operação policial, mas há déficit de ao menos 20 mil homens. Não houve legado da Olimpíada para a segurança. Milhões foram gastos, mas foi tudo episódico”.

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