Avenida Paulista se consolida como área de lazer

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/06/2016 09h19
Reprodução/Prefeitura Paulista fechada

Para que a filha pudesse andar de bicicleta e brincar em um espaço aberto, a nutricionista Caroline Borba, de 36 anos, pegava o carro aos domingos, enfrentava trânsito e a disputa por uma vaga para ir ao Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital. O estresse acabou, há cerca de um ano, quando ela e Valentina, de 3 anos, passaram a frequentar a Avenida Paulista, que teve fechado o acesso aos automóveis no primeiro dia da semana.

“Já chegava no parque estressada. Agora, nós acordamos, vamos à padaria e caminhamos duas quadras até chegar à Paulista. Andamos a avenida toda, paramos para ouvir música, para que ela possa brincar ou comer alguma coisa”, contou Caroline, enquanto puxava a bicicleta de Valentina pelo espigão.

Neste ensolarado domingo (26), que comemorou um ano do fechamento da via, a Paulista estava tomada por músicos, pessoas com cachorro, andante de bicicleta, patins ou caminhando. O primeiro teste ocorreum, em 28 de junho de 2015, data de inauguração da ciclovia local. A decisão pela abertura todos os domingos, das 10h às 17h, só ocorreu em outubro, após diversos questionamentos do Ministério Público e de moradores e comerciantes da região preocupados com o acesso. 

Caroline contou que ela foi uma das vizinhas da avenida a achar que a ideia não era tão boa, “logo no comecinho da discussão eu achava que a abertura era brega e cafona e não iria dar certo, mas foi só vir aqui pela primeira vez para mudar de ideia. Minha filha adora e é um superestímulo”, disse. 

O engenheiro Marcelo Amazonas, de 46 anos, também disse que o maior benefício do uso da Paulista para o lazer é para seus filhos, de 10 e 4 anos, “é um ambiente que reúne várias tribos, pessoas diferentes e isso é ótimo para o desenvolvimento da criança. Aqui eles escutam músicas que não ouvem em casa, veem pessoas e famílias diferentes”, analisa.

A família costumava andar de bicicleta na ciclovia da Rua Haddock Lobo, onde mora, mas achava o local perigoso para as crianças, “seria legal que abrissem e preparassem mais ruas para o lazer ao invés de concentrar tudo apenas aqui na Paulista”, disse o engenheiro.

Outras regiões

A avenida mais famosa da cidade não atrai apenas os moradores da região e virou ponto de encontro para famílias que moram longe. É o caso das irmãs Maria Amália Araújo, de 55 anos, e Ana Angélica Souza, de 52 anos. A primeira mora em Santana, na zona norte, e a segunda, na Granja Viana, zona sul. Elas encontram com a mãe, Albertina, de 78 anos, para almoçar, passear, ir ao cinema ou museu, “é uma ótima opção para passear com a família, ver gente e sair um pouco de casa”, contou Albertina.

A assistente social Viviane Mondori, de 30 anos, foi ao espigão, pela primeira vez, no último domingo (26), com o filho Miguel, de 4 anos. Eles moram em Santo André e a visita foi para “desbravar” o cartão postal antes de trazer alguns amigos da cidade do ABC, “temos um grupo de mães que se reúne para fazer piquenique, a ideia é que o próximo encontro seja aqui mesmo”, afirmou.

Ela estava preocupada com a infraestrutura de banheiros e comida para as crianças e a segurança na avenida, “gostei muito, tudo está bem estruturado. Só gostaria que tivesse alguns banheiros químicos distribuídos pela avenida e mais sinalização nos cruzamentos em que ainda há liberação para os carros”, apontou, enquanto olhava o filho brincando com famílias que passeavam com cachorros.

Críticas

Enquanto alguns aprovam a medida por estimular o lazer, outros moradores se preocupam com o reflexo do fechamento da via para os carros. É o caso do casal Onilson Galvão e Sílvia Mello, de 67 e 68 anos, respectivamente, que moram na Alameda Santos. Eles acham que a medida piorou o trânsito em um dos únicos dias de tranquilidade na região.

“O trânsito ficou horrível. Quem não é do bairro não sente esse impacto, mas para os moradores daqui foi muito ruim. Acho exagerado que se feche totalmente uma avenida tão grande para algumas pessoas. Não acho que venha tanta gente assim para cá que justifique o fechamento”, disse Galvão. 

A concentração de vendedores ambulantes, artistas de rua e a sujeira também é outra reclamação do casal, “alguns trechos do local se transformam em uma feira hippie ao ar livre. Acho feio. No fim do dia, também junta muito lixo. É preciso pensar nisso também para não prejudicar a região”, disse Sílvia.

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