Especialista defende investimento em trens regionais para diminuir tráfego em rodovias

  • Por Jovem Pan
  • 23/04/2014 08h13

Cresceu o número de acidentes nas estradas durante o feriado prolongado e o aumento da frota é responsável por congestionamentos cada vez maiores. Nas rodovias federais, 136 pessoas morreram em 2.726 acidentes, de acordo com a Polícia Rodoviária.

As rodovias Régis Bittencourt e Fernão Dias tiveram mais de 40 quilômetros de lentidão e na estadual Castelo Branco, as filas chegaram a 64 quilômetros. O inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Stênio Pires, apontou a Luciana Verdolin as causas de quase metade das mortes em rodovias federais.

“As principais causas de acidentes graves nas rodovias federais estão relacionadas a ultrapassagem e ao excesso de velocidade. Esses dois fatores somados resultaram em quase metade das mortes nas rodovias federais. A ultrapassagem ocasiona o tipo de acidente mais grave, que é a colisão frontal, (…) e esse foi a principal causa de morte nas rodovias federais”, contou o inspetor.

Nas estradas paulistas, houve aumento de 11,6% no número de acidentes e de 36,3% na quantidade de feridos durante o feriado. Falando a Anderson Costa, a porta-voz da Polícia Rodoviária Estadual, tenente Fabiana Pane, fez uma análise positiva desses números.

“Esse balanço é positivo em razão de que nós tenhamos a convicção de que foi feito, realmente, aquilo que estava na nossa área de atuação, em prol de um trânsito melhor. É claro que nós não temos como mensurar o total de vítimas que foram salvas em razão dessa intensiva fiscalização que foi realizada. (…) Nós tivemos mais de 28.500 veículos fiscalizados, só que nós acreditamos que esses números poderiam ser mais favoráveis, se não fosse ainda esse comportamentos imprudentes de alguns motoristas e a falta de adoção de ações seguras por parte de muitos pedestres” explicou a porta-voz.

Na saída do feriado, a viagem entre São Paulo e Sorocaba feita normalmente em 1 hora e 30 chegou a durar até 6 horas na Castelo Branco. O consultor em Engenharia de Tráfego, Luiz Célio Bottura, disse ainda que os congestionamentos estão cada vez maiores devido ao crescimento da frota.

“Hoje o aumento da frota, hoje o aumento do poder aquisitivo…nós estamos, então, vivendo consequência disso. Todo mundo sai junto, todo mundo quer voltar junto… então essas são as razões principais. A pessoa tem que entender que a estrada tem um limite”, disse.

O coordenador do Núcleo de Estudos Urbanos da Associação Comercial de São Paulo apontou um outro fator para a formação dos mega-congestionamentos. Josef Barat explicou ao repórter Anderson Costa que a existência de uma macrometrópole paulista transforma as rodovias em grandes avenidas.

“Nessa macrometrópole que se estende de São José dos Campos à Sorocaba, no sentido leste-oeste, e de Campinas à Baixada Santista, no sentido norte-sul, essa grande macrometrópole, ela tem, não só, uma demanda por destinos que estão fora dela, em distâncias médias e longas, como ela também provoca uma interconectividade maior nos próprios centros urbanos que a compõe”, afirmou o coordenador.

Barat destacou ainda a necessidade de alternativas para o transporte rodoviário no estado como o incentivo às ferrovias com os trens regionais. Ele enfatiza que a oferta de espaço para os veículos sobre pneus será sempre inferior à demanda dos passageiros e motoristas.

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