Governo paulista envia ofício à USP para pesquisar sobre “pílula do câncer” e quer produzí-la por conta

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2015 12h38
SÃO PAULO, SP, 29.09.2014: DAVID UIP/SANTA CASA - David Uip, secretário de Estado de Saúde de São Paulo, durante coletiva em São Paulo, nesta segunda-feira. Comissão Técnica apresenta os resultados de auditoria das contas da Santa Casa de Misericórdia de SP. (Foto: Fabio Braga/Folhapress) Fabio Braga/Folhapress David Uip

O governo do estado de São Paulo vai testar a pílula que supostamente pode combater o câncer em até mil voluntários. O secretário estadual da Saúde, David Uip, diz que não é possível falar em prazos porque é necessária a autorização dos criadores da fosfoetanolamina sintética. A substância foi elaborada por pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), na cidade de São Carlos e despertou a esperança de centenas de pacientes. Ela nunca recebeu reconhecimento da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nem passou pelos testes médicos necessários para se tornar um medicamento.

O secretário David Uip se manifesta com cautela e deixa claro que a pílula deveria ser distribuída apenas depois de todos os testes. “Até o momento não há qualquer comprovação científica a respeito da eficácia desse medicamento”, ressalta Uip em entrevista ao repórter Jovem Pan Tiago Muniz.

Como a pílula é patenteada, os testes dependem da liberação do pesquisador responsável pelo seu desenvolvimento (o professor aposentado Gilberto Chierice) e da própria USP. Os ofícios já foram assinados e foram encaminhados nesta quinta (26). Já há um professor (dr. Paulo Hoff*, diretor do centro de oncologia do Hospital Sírio-Libanês) destacado para liderar as pesquisas e ele prevê que é possível “ter o desenho pronto” para iniciar os procedimentos “a partir do início da semana que vem”, após a liberação da USP. “Espero que essa resposta seja tão rápida quanto meu pedido”, disse Uip.

O secretário cogita tirar a centralidade da produção da universidade e “fazer essas pílulas nos laboratórios do Estado de São Paulo, para não ter nenhum conflito de interesses e para ter um poder de escala maior (produção)”.

Uip comemora o pedido feito pelo Geraldo Alckmin para desenvolver a substância e entende que aval do governador “disponibiliza todos os hospitais do estado que têm perfis de oncologia e pesquisas, ou laboratórios, e agiliza muito o processo”. Ele destaca novamente, entretanto, que todos os critérios científicos devem ser obedecidos.

“O estado de São Paulo está claramente demonstrando como isso deve ser tratado, com toda seriedade, respeitando a possibilidade do ensaio inicial da droga, mas fazendo uma pesquisa obedecendo todos os critérios clínicos”, garantiu o secretário.

“Quando você distribui um medicamento, a partir do momento em que você entende que isso é um medicamento, sem a autorização dos órgãos superiores, é crime”, ressaltou. “O que nós estamos fazendo é dar o trato científico e dar a resposta científica para algo que nós não temos até hoje”, afirmou Uip.

O Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a distribuição da fosfoetanolamina em 11 de novembro a pedido do estado. Antes disso, os pacientes interessados na substância estavam recorrendo a liminares depois de decisão do STF que estava permitindo a entrada com os recursos.

*Nome do médico corrigido às 13h

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