Mobilizações ‘racham’ e causam revolta entre os estudantes

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/05/2016 09h49
São Paulo - Polícia Militar entrou no Centro Paula Souza, ocupado por estudantes desde a última quinta-feira (28). A Justiça concedeu liminar para reintegração de posse do prédio (Rovena Rosa/Agência Brasil) Agência Brasil Ocupação escolas São Paulo

As ocupações surpresas feitas por um pequeno grupo de estudantes em protesto contra a falta de merenda nas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) de São Paulo causaram revolta entre os alunos que ficaram sem aula na segunda-feira (2) e minaram a estratégia dos secundaristas de expandir, como ocorreu no ano passado, o movimento por melhorias educacionais. 

Na Escola Estadual Fernão Dias, de ensino fundamental e médio, a maioria dos alunos da manhã votou contra a continuidade da ocupação em assembleia feita no colégio, que fica em Pinheiros, zona oeste da capital. As aulas seriam retomadas nesta terça-feira (3). A escola foi símbolo das ocupações do ano passado e que atingiram 196 unidades contra a reorganização escolar anunciada pelo governo.

Os próprios jovens que invadiram a Fernão Dias, na madrugada de sábado, em solidariedade à ocupação do Centro Paula Souza, feita na quinta-feira por causa da falta de merenda, admitiram que a ação foi “precipitada” e que a maioria dos alunos da escola parecia ser contra o assentamento. A escola tem cerca de 1.600 alunos nos três períodos.

“Acho que a gente ocupou de forma precipitada. Mas por isso abrimos espaço para os alunos se manifestarem. Houve muito conflito verbal, quase agressão física, e eles (alunos contrários à medida) não quiseram ouvir a gente, saber o problema da escola. Votaram e foram embora”, disse o estudante Marcelo Eduardo, de 16 anos, aluno do 2º ano do colégio.

Após a votação de ontem, a Secretaria Estadual da Educação divulgou que a escola havia sido desocupada. À tarde, porém, os estudantes ainda controlavam o portão principal da unidade, mas já haviam perdido domínio sobre as dependências do colégio. 

“Ocuparam a nossa ocupação”, disse um dos estudantes inconformado com a presença de funcionários, professores e assessores da secretaria na escola desde as 7 horas. O promotor Antônio Ozório, que atua como assessor de Educação no Ministério Público Estadual (MPE), foi ao local e disse que professores e pais de alunos estavam revoltados com a ocupação. “É um movimento fora de hora.”

Na noite de segunda-feira, os alunos fizeram nova assembleia para decidir o futuro da ação, mas a baixa presença de estudantes (cerca de 30) demonstrava a falta de apoio. “Eles forçaram essa ação e não deu certo. Amanhã (hoje) haverá aula normal”, disse a supervisora de ensino do colégio, Maria Cecília Sarno. 

Técnico

Na Escola Técnica de São Paulo (Etesp), que fica na Avenida Tiradentes, região central da capital, a mobilização feita na manhã de ontem por pessoas que estudam em período integral (sete horas) gerou críticas de alunos e professores dos cursos técnicos noturnos, com carga horária de apenas três horas.

“Concordo com a causa deles, mas não podem bloquear a nossa entrada à noite. Não faz sentido brigarmos por merenda se ficamos três horas aqui”, disse Simone Santos, de 43 anos. Após a assembleia, alguns alunos tiveram aulas em outro prédio e a ocupação foi mantida no local. Ontem, foi o primeiro dia em que o Centro Paula Souza forneceu merenda seca para os alunos da unidade. 

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