Relatório final da CPI do Teatro aponta rombo de R$ 21,8 mi e exclui Haddad

  • Por Estadão Conteúdo
  • 20/10/2016 15h29
reprodução/SPTURIS Theatro Municipal

O nome do prefeito Fernando Haddad (PT) foi excluído de última hora do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Municipal para investigar fraudes na gestão do Teatro Municipal. Após pressão do governo, os vereadores aceitaram eximir o prefeito de culpa, mas mantiveram na lista de responsáveis o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Br.

A CPI também concluiu que o rombo total chega a R$ 21,8 milhões, valor 45% superior aos R$ 15 milhões previstos no início da apuração.

O governo ainda sofreu outra derrota na manhã desta quinta-feira (20). O relatório aprovado não foi o elaborado pelo relator da CPI, vereador Alfredinho (PT), mas o documento apresentado em separado por Ricardo Nunes (PMDB), com o apoio dos tucanos Salomão Pereira e Quito Formiga, presidente da comissão.

Após rejeitarem o texto do petista com a ajuda de Edir Sales (PSD), que substituiu José Police Neto (PSD) nesta quinta-feira, os parlamentares de oposição foram pressionados pelo secretário municipal de Relações Internacionais, José Américo, e acabaram cedendo em relação ao prefeito. Mas não a Briguglio Filho.

“Ele veio aqui nos ameaçar, disse de forma muito grossa que vai me exterminar, acabar comigo, mas não tenho medo de ameaça, não sou traidor de nada”, disse Formiga. “O meu compromisso é com a cidade de São Paulo. Perdi a eleição, mas não me vendo. Temos provas da participação de Nunzio”.

Nunes classificou como “emblemático” o modo como se encerrou a CPI, referindo-se à pressão do governo. “Temos de respeitar a maioria, que exclui o nome do prefeito. Mas é bom lembrar que todo esse material já se tornou público e agora vai para o Ministério Público, inclusive o material rejeitado aqui”.

Para Alfredinho, as mudanças de última hora podem ser atribuídas à falta de compromisso de Police Neto (PSD). “Ele tinha o acordo firmado conosco que estaria aqui e que votaria meu relatório. Repudio essa atitude dele, que primeiro colocou o Adolfo Quintas e depois a Edir Sales, que não tinha o mínimo conhecimento do relatório. Veio aqui só para votar”, disse.

Segundo o petista, incluir o secretário de Haddad no relatório foi uma injustiça, já que não há, em sua avaliação, prova concreta da participação de Briguglio. “Na minha opinião isso é luta política, ficou claro hoje. Seria um absurdo indiciar o prefeito”.

As apurações colhidas durante a CPI serão encaminhadas agora ao MPE. A comissão considerou que, além de Briguglio Filho, são responsáveis pelo esquema de corrupção o ex-diretor da Fundação Theatro Municipal José Luiz Herência, o ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC) William Nacked, o ex-diretor artístico do teatro maestro John Neschling e pelo menos outras 15 pessoas. Nesta lista, estão donos de empresas usadas para emitir notas frias para camuflar os desvios.

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