Vacinação contra a gripe vai até o fim do mês, mas capital deve continuar com falta

  • Por Jovem Pan com AE
  • 20/05/2016 11h31
Rovena Rosa/Agência Brasil Vacinação H1N1 em São Paulo

A vacinação contra a gripe foi prorrogada até 31 de maio no estado de São Paulo. Terão prioridade para receber a vacina as cidades que não conseguiram atingir a meta de 80% do público-alvo imunizado.

Os grupos prioritários são idosos acima de 60 anos, crianças entre 6 meses e 5 anos de idade, pessoas com doenças crônicas, profissionais da Saúde, grávidas e mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias.

O governo diz que vacinou mais de 100% da meta na capital paulista. A cidade de São Paulo, por isso, não deve receber muito mais lotes da dose contra a gripe. Vários paulistanos, no entanto, ainda reclamam que não conseguiram encontrar a vacina.

Novas doses

Nesta quinta (19), o Estado anunciou a compra de mais um milhão de doses de vacina contra a gripe H1N1. As doses serão fornecidas pelo Instituto Butantan.

O custo não foi revelado pelo governo paulista. O governador Geraldo Alckmin disse que as doses começam a chegar aos postos de saúde a partir da próxima segunda-feira, 23.

Oficialmente, a campanha de vacinação terminaria nesta sexta-feira, 20.

Cidades do interior paulista registraram falta das doses nesta semana, como São José do Rio Preto, onde cerca de sete mil pessoas não foram vacinadas A Secretaria Municipal de Saúde da cidade relatou que mesmo integrantes do grupo prioritário, como gestantes e crianças, ficaram sem a imunização.

Capital

As vacinas contra a gripe H1N1 esgotaram nos postos de saúde de todas as regiões da capital paulista antes do término da campanha nacional, que teve início excepcionalmente no dia 11 de abril em São Paulo e se encerra nesta sexta-feira, 20. Em pelo menos 10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade, procuradas pelo jornal O Estado de S. Paulo, os funcionários informaram que há dias a imunização chegou ao fim e que não há previsão de reposição das doses.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o governo estadual assegurou que os postos vão receber mais doses nesta sexta. “A vacina está garantida para crianças que receberam pela primeira vez e devem tomar a 2.ª dose e quem ainda não se vacinou dos grupos prioritários”, afirmou a pasta.

Fila na UBS de Santo Antônio no final da semana passada (Carolina Ercolin/Jovem Pan)

A gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que foram aplicadas 3.122 222 doses e vacinados 99,3% do público-alvo. Com isso, segundo as informações da Prefeitura, a capital ultrapassou a meta de imunização (80%) para o público prioritário nos dois meses de campanha de 2016. Nesta sexta, o governo estadual já fala em 112% de imunizados.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde garantiu que “haverá vacina disponível para as crianças menores de cinco anos que precisam receber a segunda dose”. “Novas doses para os demais grupos dependem do Ministério da Saúde, que é o responsável por comprar e distribuir vacinas aos Estados”, acrescentou a pasta.

Lotes

Na UBS Brasília, zona sul da capital, uma funcionária, por telefone, disse que “chegou um pouquinho de vacina e já acabou de novo”. “Agora, não tem previsão”, afirmou. Do outro lado da cidade, diante da UBS Vila Barbosa, na zona norte, o auxiliar de farmácia Reinaldo Domingos, de 33 anos, conta que tem amigos preocupados na rede pública de saúde com a falta das vacinas. “A vacina está em falta em quase todos os postos. Os lotes chegam com 100, no máximo 200 doses. Não dá para todo mundo”, explicou.

Sumaia Villela / Agência Brasil

Também na UBS Vila Barbosa, a recepcionista hospitalar Ana Paula Cardoso, de 35 anos, estava acompanhada do filho Davi, de três, já vacinado com a 1ª dose no início da campanha. A preocupação de Ana Paula é outra: diferentemente de anos anteriores, quando imunizou o filho, desta vez a funcionária do posto informou que desta vez não seria necessário aplicar a 2.ª dose da vacina no garoto. “Não marcaram nada no cartão. Vou ver com o pediatra dele na semana que vem. Se tiver de tomar, vou ter que correr atrás. Se só tiver na rede privada, vou ter que dar meu jeito”, lamentou.

A atendente da UBS Brasilândia, na zona norte, disse por telefone que o posto “tinha poucas doses”, mas acrescentou que seria preciso ir até a unidade “para saber”. “Até ontem (quarta-feira), tinha a primeira dose para grupos prioritários. Mas não sei se já acabou”, afirmou.

Mãe de um bebê de sete meses, a enfermeira Suelen Francelino, de 31, conta que fez uma peregrinação por quatro postos de saúde na última semana até conseguir imunizar seu filho com a 2.ª dose da vacina. “No dia 12 de maio, exatamente após 30 dias da primeira dose, levei meu filho para a segunda dose. Fiquei indignada com a situação. Fui informada de que a vacina estava em falta em vários postos”, explicou. Naquele dia, a enfermeira procurou, sem sucesso, em outras duas unidades.

Segundo Suelen, no dia seguinte, uma amiga foi levar o filho para vacinação e descobriu que uma UBS da Freguesia do Ó estava reservando somente a 2ª dose para crianças. “Ao chegar, visualizei uma placa informando que não tinha vacina H1N1 desde o dia 5 de maio. Mas ao conversar com o técnico de enfermagem responsável pela vacina, ele me informou que o posto tomou a liberdade de guardar algumas vacinas para crianças que já tomaram a primeira dose”.

No centro da cidade, a funcionária da UBS República informou que não há 2ª dose para crianças, nem 1ª para grupos prioritários. “Não temos e não sabemos a previsão. A campanha acaba amanhã, mas o Ministério não sinalizou nada. Não sabemos se vai prorrogar”, disse. Procurado, o Ministério da Saúde não comentou o assunto até a publicação desta matéria.

Com informações da repórter Jovem Pan Renata Perobelli e da Agência Estado (Estadão Conteúdo)

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