Trabalhadores demitidos acampam em frente à Mercedes-Benz em São Bernardo

  • Por Agência Brasil
  • 10/06/2015 17h11
PAULICÉIA, SP, 10.06.2015: MONTADORA-SP - Em greve, metalúrgicos da Mercedes-Benz montam acampamento na praça do cruzamento entre a av. 31 de Março, av. Lions e o corredor ABD, na Pauliceia, em São Paulo, nesta quarta-feira, contra as 500 demissões de companheiros em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho). (Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Folhapress) Folhapress Trabalhadores demitidos acampam em frente à Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo

Cerca de 300 trabalhadores demitidos pela Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, estão acampados em frente à fábrica para protestar contra a demissão de 500 funcionários de 715 que estavam em lay-off (suspensão do contrato de trabalho).

Eles estão se revezando em três turnos e 12 barracas. Outros 250 funcionários continuam em lay-off e sete mil em férias coletivas, de um total de 10,5 mil na unidade, onde são fabricados caminhões, chassis de ônibus e motores. Os trabalhadores que estão de férias tem retorno previsto para a próxima segunda-feira.

O coordenador geral do Comitê Sindical dos Trabalhadores, ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Angelo Máximo de Oliveira Pinho, conhecido como Max, destacou que essas demissões não afetam apenas os funcionários e suas famílias, mas todo o comércio do entorno que depende dos empregados. “Essa é uma demissão em massa e queremos dialogar com a sociedade pedindo sua solidariedade e com a empresa para que ela perceba a responsabilidade que tem com cada demissão”.

Apesar das alegações da empresa sobre o excedente de mão de obra, Max disse que as demissões não eram esperadas e todas as tentativas dos funcionários nos momentos de negociação com a Mercedes-Benz eram para que se encontrasse alternativas para driblar a crise.

“A empresa começou a colocar que a única coisa a fazer era a demissão, porque já não havia mais o que fazer, e na última reunião, no dia 25, nos obrigaram a organizar várias ações. Acreditamos que se não fizermos nada há a possibilidade de mais demissões”.

Max disse que os trabalhadores reconhecem que há uma retração no mercado, mas lembrou que esta não é a primeira vez em que isso acontece.

“Esses períodos são momentâneos e nós acreditamos em uma retomada da economia e do mercado de veículos. Também acreditamos que temos como construir alternativas para preservar os empregos. A empresa está perdendo mão de obra qualificada e gente experiente dentro do processo produtivo da fábrica”.

Por meio da assessoria de imprensa, a Mercedes-Benz informou que reitera que, devido à forte queda de vendas de caminhões e ônibus no mercado brasileiro desde o ano passado, teve que encerrar o contrato de trabalho de parte do grupo de colaboradores em lay-off na fábrica de São Bernardo do Campo.

“Esse grupo estava em lay-off há mais de um ano, com salários, benefícios e qualificação profissional assegurados. Sendo que, desde dezembro de 2014, a empresa assumiu integralmente todos os custos para manter esse grupo em lay-off com remuneração garantida”, disse a Mercedes-Benz.

A empresa ressaltou ainda que também ofereceu, por mais de um ano, diversas oportunidades de saídas voluntárias por meio de PDVs (Plano de Demissão Voluntária), com o máximo de benefícios financeiros possíveis e que a pedido do sindicato, reabriu o último PDV (encerrado 15 de maio) no último dia 29 e manteve na última segunda-feira, 1 de junho, a possibilidade de os envolvidos saírem da empresa com mais vantagens financeiras.

“Diante da contínua queda das vendas e consequentemente da produção, a empresa concedeu férias coletivas para todas as áreas produtivas no período de 1 a 15 de junho; com a falta de previsão de retomada do crescimento econômico e a impossibilidade de manter toda a sua força de trabalho, infelizmente, a Mercedes-Benz do Brasil teve de realizar essas demissões”, afirmou a Mercedes-Benz.

Segundo as informações a empresa ainda tem um excesso de pessoas (cerca de 1.750) dentro da fábrica.

De acordo com dados divulgados esta semana pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o mercado de caminhões foi o mais afetado de maio.

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