Cerca de 37 milhões de latino-americanos sofrem de subnutrição, segundo PMA

  • Por Agencia EFE
  • 24/04/2015 14h52

Gina Baldivieso.

La Paz, 24 abr (EFE).- Cerca de 37 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe ainda sofrem de subnutrição, apesar dos esforços realizados e dos grandes avanços conseguidos na região nos últimos anos, disse o diretor regional do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), o peruano Miguel Barreto.

Em entrevista à Agência Efe em La Paz, Barreto ressaltou que o nível regional de subnutrição caiu em 11 pontos entre 1990 e 2014 e que 14 países latino-americanos atingiram o primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) ao reduzir em 50% o número de pessoas que sofrem com a fome.

“Temos outro grupo de países, cerca de quatro dentro dos quais está a Bolívia, que estão muito perto de fazê-lo”, disse Barreto, acrescentando que, no entanto, “em termos reais estamos falando ainda de 37 milhões de pessoas” com subnutrição “em toda a região, o que constitui um desafio pendente”.

O principal risco da subnutrição a longo prazo, acrescentou, é que, se não for atendido de maneira adequada, poderia gerar uma desnutrição crônica, sobretudo em “povoados muito vulneráveis” como as crianças menores de cinco anos.

Outro dos problemas é que a subnutrição “está se urbanizando”, convertendo-se em um problema “generalizado” nas áreas periféricas das grandes cidades latino-americanas.

“Com o nível de imigração que existe e sobretudo nas áreas periféricas das grandes cidades em toda a região, os níveis de desnutrição crônica estão aumentando da mesma forma que os níveis de anemia e inclusive, de maneira paradoxal, também os de obesidade”, assinalou o funcionário.

Apesar de não haver dados globais para a região sobre a desnutrição urbana, Barreto mencionou como exemplo que na Bolívia o nível de anemia supera 60%, no Peru chega a quase 45% e na América Central a 50%.

No entanto, disse, não existe uma relação direta entre a diminuição da extrema pobreza e a desnutrição crônica e desnutrição.

“Ao contrário, encontramos particularmente nas zonas urbanas marginais famílias que já não são extremamente pobres com altos níveis de desnutrição, seja anemia ou desnutrição crônica”, disse.

Por isso, ressaltou a necessidade de insistir na educação nutricional para que as pessoas, principalmente aqueles que habitam nas regiões periféricas urbanas, aprendam a “selecionar os alimentos” indicados que o ser humano requer de maneira equilibrada.

Quanto às áreas rurais, Barreto explicou que o principal problema continua sendo o elevado nível de desnutrição, especialmente nas zonas mais vulneráveis à mudança climática.

Nestes lugares, o acesso aos alimentos é “restrito por qualquer desastre natural”, o que limita as famílias não só na possibilidade de ter uma boa alimentação, mas na hora de “ter acesso a programas sociais adequados”.

Perante estas situações, considerou necessário trabalhar a longo prazo, promovendo programas para a produção de alimentos resistente aos fenômenos naturais e para a participação do Estado em soluções integrais.

Barreto lembrou que a insegurança alimentar tem três pilares que devem ser abordados de maneira complementar: a disponibilidade de alimentos determinada pela produção, o acesso que se deve ao nível de renda e o consumo adequado dos alimentos.

Destacou que nos últimos 15 anos houve um “aumento notório” do investimento em políticas integrais para a nutrição na região.

“Mas é um processo que é preciso continuar porque ainda temos níveis altos de desnutrição crônica. Enquanto isso ocorra vamos garantir o desenvolvimento de pessoas para poder se integrar ao mercado de maneira competitiva quando chegarem à idade adulta e isso gera uma carga para os governos”, advertiu. EFE

gb/ma

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