CNA pressiona Argentina para que acelere negociações de acordo Mercosul-UE

  • Por Agencia EFE
  • 25/02/2014 12h24

Bruxelas, 25 fev (EFE).- A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) afirmou nesta terça-feira que se a Argentina não preparar em março sua lista de ofertas na negociação do tratado de livre-comércio entre Mercosul e a União Europeia (UE) as conversas prosseguirão sem o país.

“Os países do Mercosul têm que se movimentar juntos, mas isto pode ser feito de várias formas, não necessariamente com todos ao mesmo tempo”, afirmou a presidente da CNA, a senadora do PMDB Katia Abreu, durante entrevista coletiva em Bruxelas.

Abreu explicou que os países do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, já que Venezuela não participa ainda da negociação do acordo com os europeus) realizarão em 7 de março uma reunião em “uma última tentativa” de que a Argentina complete a lista de ofertas que deve apresentar à UE para prosseguir com as negociações.

A senadora disse estar “60% segura” que nesta data a Argentina melhorará sua proposta e se unirá ao bloco para assinar o acordo, mas assegurou que se isto não ocorrer o “país terá que se incorporar em uma fase posterior”.

A União Europeia e o Mercosul negociam desde o ano 2000 um acordo de associação, no qual se inclui um pacto de livre-comércio, mas o diálogo se estagnou até 2010 e, após ser retomado nesta data, vem avançando lentamente.

O principal empecilho foi a apresentação das listas de ofertas comerciais que ambos os blocos devem trocar, atrasada por parte do Mercosul pois todos os membros devem entregá-las ao mesmo tempo e a Argentina ainda não as elaborou.

Kátia Abreu afirmou que Brasil, Paraguai e Uruguai estão preparados para passar para fase seguinte e que “Argentina é o único problema”.

A senadora disse que a Argentina completou entre 80% e 90% de sua lista, enquanto os outros sócios do bloco já fixaram mais de 90% de suas ofertas.

No entanto, Abreu frisou que para o governo brasileiro é “prioritário” que a Argentina se una ao acordo, já que se trata de um importante parceiro comercial para o país”.

A senadora, no entanto, admitiu que o “tratado pode ser negociado com a Argentina mais tarde se houver muita resistência”.

A UE é o principal parceiro comercial do Brasil, já que absorve mais de 20% das exportações brasileiras e mais de 21% das importações nacionais procedem do bloco europeu.

O valor das trocas comerciais aumentou cerca de 69,6 bilhões de euros em 2013, segundo dados da CNA.

Neste contexto, Kátia Abreu considerou que no Brasil existe grande preocupação com o fato da UE assinar acordos de livre-comércio com outras potências, especialmente o negociado com os Estados Unidos.

“Estados Unidos e a UE podem criar um bloco comercial enorme e deixar muitos de fora”, disse a senadora, para quem isso seria “catastrófico” para o Brasil, que atualmente só tem acordos comerciais com o Mercosul.

O governo brasileiro e a Comissão Europeia fixaram ontem uma reunião técnica para resolver definitivamente o tema das ofertas para 21 de março. EFE

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