Contra fechamento, alunos ocupam escola estadual em Pinheiros

  • Por Agência Estado
  • 10/11/2015 18h21
SÃO PAULO, SP, 10.11.2015: EDUCAÇÃO-PROTESTO - Ao menos cem alunos da escola estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, entraram e se trancaram no local na manhã desta terça-feira (10). A ação ocorreu em protesto contra o fechamento de unidades para a reorganização da rede pública anunciada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). O grupo chegou, com faixas e cartazes, por volta das 6h, antes do início do funcionamento do colégio. Após entrarem pelo portão principal, eles colocaram correntes e se trancaram com cadeados. Oito carros da Polícia Militar cercavam as entradas do colégio às 12h30. Os policiais não permitem a entrada ou aproximação de pessoas dos portões. (Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress) Folhapress Contra fechamento

Um grupo de cerca de 150 alunos ocupou a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, na manhã desta terça-feira, 10. Eles são contra a reorganização escolar proposta pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), que pretende separar os colégios por etapas de ensino e já anunciou o fechamento de 94 escolas em todo o Estado.

A unidade ocupada é uma das 754 que vão ter o fechamento de um dos ciclos. A unidade, a partir do próximo ano, não terá mais ensino fundamental. 

Os estudantes ocuparam a escola às 6 horas e impediram a entrada de professores e funcionários. Por volta das 15h30, duas pistas da rua da escola foram bloqueadas e a polícia enviou reforço para tentar desbloquear uma das faixas. 

A Polícia Militar cercou a portaria da escola e impedia a entrada de novos estudantes na unidade. Os pais de alunos acompanharam do lado de fora da escola a ocupação, apreensivos com a presença da PM.

Marcia Balades, de 54 anos, é mãe de um aluna de 18 anos da escola. “Eu apoio e acho importante, mas tenho medo da atuação da polícia.”

Delegacia

A Polícia Militar encaminhou um ônibus para levar todos os estudantes que ocupam a escola para a delegacia. Na chegada do veículo, houve confusão entre os PMs e os jovens que protestam do lado de fora da escola. A Defensoria Pública acompanha a ocupação e tenta negociar com os estudantes e a polícia para a liberação do prédio. 

Rosangela Aparecida Valim, dirigente de ensino da região centro-oeste, disse que a ocupação da Escola Fernão Dias Paes é arbitrária. Segundo ela, supervisores da diretoria de ensino tentam negociar a saída dos estudantes desde o início da manhã.

“Os alunos e professores estavam chegando na escola para as aulas, mas foram impedidos de entrar por um grupo de 40 pessoas, todos com uniforme da escola, mas nem todos são alunos da unidade”, disse. “Vivemos em um Estado democrático, é arbitrário que um grupo tome conta de um prédio público e impeça o seu funcionamento.”

Ela disse que foi feito um boletim de ocorrência de invasão e dano ao patrimônio público.

A Secretaria da Educação do Estado também confirmou a ocupação da Escola Estadual Diadema, no centro da cidade do ABC paulista. Um grupo de estudantes ocupou o prédio na noite desta segunda-feira, 9.

Desistência

Por causa da preocupação dos pais com a presença da polícia militar em frente à escola, vários alunos começaram a deixar o local. Juliana Oliveira, de 41 anos, professora da rede estadual e mãe de uma aluna de 15 anos da escola, disse que teve medo da violência policial.

“Eu acho que os alunos estão certos. Eles não estão brigando por eles, mas por uma educação de qualidade e contra uma decisão (a reorganização escolar), que aconteceu de cima para baixo, sem consultar alunos e professores”, afirmou Juliana. “O que tenho medo é da atuação dos policiais, porque a resposta foi completamente desproporcional ao ato dos alunos. Os policiais estão armados contra alunos.” 

Julia Helena Oliveira, de 14 anos, disse que só saiu a pedido da mãe. “Por mim, eu ficaria, dormiria aqui até conseguirmos que eles voltem na decisão.”

Roseneide Pereira foi buscar o filho de 14 anos e disse que era contra o protesto. “A gente não tem que opinar, tem que aceitar. Se no ano que vem o ensino estiver muito ruim, eu vou colocá-lo em outra escola, ponho na rede particular.”

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