Milhares de estudantes paraguaios pedem melhoras na educação em manifestação

  • Por Agencia EFE
  • 18/09/2015 17h40

Assunção, 18 set (EFE).- Cerca de cinco mil estudantes participaram nesta sexta-feira de uma “histórica” manifestação no centro de Assunção para exigir melhoras na educação, em um país que ocupa uma das últimas posições da região em investimento no setor.

Com bandeiras paraguaias e cartazes com pedidos de melhoras nos colégios e nos postos acadêmicos, estudantes do ensino médio lotaram o centro da capital paraguaia, acompanhados por universitários, associações de pais e professores.

“Estamos protestando por uma educação melhor, é uma manifestação histórica por ser a primeira vez que se consegue unir os setores públicos e privados”, explicou à Agência Efe Nicolás Pereira, um dos organizadores da Manifestação Nacional de Colégios Públicos e Privados (Mncpp) que também ocorreu em outras cidades do país.

Em Assunção, os estudantes sentaram em frente ao Ministério da Educação, onde viveram momentos de tensão quando a ministra da pasta, Marta Lafuente, e o ministro da Fazenda, Santiago Peña, saíram para dar declarações e entregar flores aos alunos.

Peña reconheceu que “as exigências são enormes e os recursos limitados”, mas disse que o ano atual será “muito difícil” porque conta com “um orçamento muito apertado”.

A resposta às declarações dos ministros e à entrega de flores pelo do Dia da Juventude foi quase unânime por parte dos alunos aglomerados.

“Não queremos flores, queremos educação”, exclamaram os estudantes, que reclamavam a gritos que o sistema educacional atual é “medíocre” e uma “vergonha” em nível internacional.

Atualmente o orçamento do Ministério da Educação e Cultura do Paraguai corresponde a 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, enquanto a Unesco recomenda investir 7% do PIB.

Depois do protesto, os manifestantes se reuniram na praça em frente ao Congresso paraguaio com cartazes que diziam “A educação não é um privilégio, é um direito” e “O pior inimigo de um governo corrupto é um país que lê”.

Posicionados, os estudantes cantaram o hino nacional e realizaram um ato central onde dirigentes estudantis e líderes de associações de professores fizeram suas exigências, que incluíam a atualização do currículo escolar, mais capacitação para docentes e melhoras na infraestrutura.

“São desenvolvidos modelos de educação que não vão de acordo com a realidade do país”, sustentou Jonathan Villalba, dirigente da União Nacional de Centros de Estudantes do Paraguai (Unepy), que acrescentou que os estudantes de colégios públicos do país são os que “sentem na própria carne” todas as “falências do sistema educacional”.

Diversas famílias acompanharam a manifestação. Mirta Sanabria, mãe de um dos manifestantes disse à Agência Efe que o sistema educacional paraguaio é “medíocre” e “não cumpre os objetivos”.

Os estudantes universitários chegaram tarde à manifestação por causa dos guardas da Universidade Nacional de Assunção (UNA) que tentaram impedir a saída dos ônibus, segundo declarou Rodrigo González, presidente do Centro de Estudantes da Faculdade Politécnica dessa universidade.

“Como estudantes universitários, nós sabemos o imenso abismo que existe entre o ensino médio e o superior”, afirmou José Rodrígo Ramón Sorio, da Faculdade de Ciências Médicas da UNA.

Sorio disse que ao terminar o ensino médio, os estudantes de colégios públicos e privados enfrentam “uma realidade totalmente diferente”.

Segundo ele, os alunos da educação pública, para passar nas provas de admissão, devem dedicar pelo menos um ano a mais ao estudo para se equiparar às exigências, por isso concluiu que o ensino médio no país não os prepara “para nada”.

As associações de professores também compareceram à manifestação, na qual aproveitaram para pedir aumento salarial e mais investimento em formação, explicou Eladio Benítez, representante da União Nacional de Educadores-Sindicato Nacional (UNE-SN).

“Viemos exigir uma educação de qualidade, que todos os paraguaios merecem”, argumentou Benítez, que também pediu o fim das “escolas rancho” (como são conhecidos os colégios que oferecem aulas sob as árvores) e das “precariedades” que os educadores do país enfrentam. EFE

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