Náufrago salvadorenho quer contar sua odisseia em livro ou filme

  • Por Agencia EFE
  • 09/04/2014 06h24

Magdalena Flores.

San Salvador, 9 abr (EFE).- O náufrago salvadorenho José Salvador Alvarenga, que diz ter passado mais de um ano à deriva nas águas do Pacífico, quer recriar sua odisseia em um livro ou um filme.

O sobrevivente afirmou em entrevista coletiva que, primeiro, precisa ter certeza de que as pessoas acreditam em sua história, já que alguns o chamam de “mentiroso” e “charlatão”.

No entanto, o escritório de advogados americano Masonek Law Offices, que agora o representa, confirmou sua história após submetê-lo ao detector de mentiras.

“Certamente me interessa fazer um filme, fazer um livro”, mas para isso “é necessário que o povo acredite em minha história”, disse Alvarenga a 20 jornalistas.

“Sim, minha história é real”, repetiu, e, para quem duvida, “há testemunhas: meus patrões, que sabem o momento que desapareci nas águas do oceano Pacífico quando ia pescar tubarões no final de 2012”, declarou.

Apesar do interesse de Alvarenga, o escritório de advogados americano por enquanto não está interessado “em nenhum tipo de negociação para escrever livro ou para rodar algum filme”, disse o diretor comercial da entidade, Carlos Guzmán.

No entanto, Guzmán esclareceu que “há muitas ofertas”, que serão discutidas até que “a assinatura legal esteja pronta e Alvarenga esteja bem de saúde”.

A veracidade da história do náufrago salvadorenho foi confirmada não apenas com o detector de mentiras, mas também com uma análise psicológica, segundo os advogados.

“Os argumentos que (Alvarenga) expõe quanto aos fatos, quanto ao dia de seu naufrágio, até o dia em que apareceu são totalmente verídicos e apegados à realidade, sendo essa nossa conclusão”, afirmou o advogado José Danilo Barrera, após fazer o exame com o polígrafo.

O estudo psicológico determinou que Alvarenga “não está mentindo” e que “sua história é real”, destacou a psicóloga María Elena Revelo de Muñoz.

O pescador humilde, que vivia há vários anos no México, zarpou da “costa de Chiapas (México) em 18 de dezembro de 2012”, junto com seu companheiro de pesca Ezequiel Córdova, disse por telefone na entrevista coletiva seu patrão mexicano, Bellarmino Rodríguez.

Após uma boa jornada de pesca, Alvarenga e Córdova empreenderam seu retorno ao litoral mexicano, mas o motor da lancha estragou e ficaram à “deriva”, segundo relatou o sobrevivente.

Rodríguez confirmou que pelo menos 10 lanchas e um avião pequeno buscaram durante vários dias Alvarenga e Córdova, mas não tiveram sucesso.

Foi assim que começou a grande odisseia de Alvarenga, que, para sobreviver, precisou comer carne crua de aves e peixes, e beber sangue de tartaruga, água de chuva e até sua própria urina para se hidratar.

Mas seu companheiro nunca conseguiu se adaptar ao sistema de sobrevivência e por isso morreu pouco depois de ter naufragado, de acordo com Alvarenga.

Depois de passar dias e noites em alto-mar e de ter como única proteção uma (geladeira) de sua pequena embarcação de sete metros que lhe permitia proteger-se da chuva e o sol, ao fim viu terra firme.

Alvarenga lembrou que chegou “sem roupa, barbudo e cabeludo” a Ebon, um remoto atol das Ilhas Marshall, onde algumas pessoas o ajudaram apesar das dificuldades para se comunicar, porque não falavam espanhol.

Foi assim que, no último dia 30 de janeiro, Alvarenga foi resgatado e vários dias depois levado a Majuro, capital das Ilhas Marshall, de onde foi repatriado a El Salvador.

Finalmente, voltou a seu país em 11 de fevereiro deste ano depois de sua longa travessia, que afetou sua saúde.

“Os médicos disseram que estão se esforçando para combater uma forte infecção causada por amebas e parasitas hospedados no corpo de Alvarenga, especialmente no fígado”, comentou Guzmán.

Alvarenga, por sua vez, repetiu que já não quer voltar ao mar e que só pensa em recuperar sua saúde e ajudar os pais no cultivo de milho ou em outra atividade agrícola, em terra firme. EFE

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