Democracia dos EUA está ameaçada e é preciso dar oportunidade a todos, diz Obama

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 11/01/2017 07h25

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou na noite desta terça-feira (10) em seu discurso de despedida que deixa o comando do país mais otimista com o futuro do que quando chegou à Casa Branca. O democrata, entretanto, destacou em sua fala de quase uma hora que a democracia norte-americana sofre ameaças e não vai funcionar sem que todos tenham oportunidades econômicas. Obama disse que houve momentos na história dos EUA em que forças – como o terrorismo, aumento da desigualdade e mudanças demográficas – ameaçaram a segurança, a solidariedade e a prosperidade do país, mas estas mesmas forças ameaçam também a democracia. Ele mencionou no discurso três ameaças à democracia.

De acordo com o presidente, se não forem criadas oportunidades para todas as pessoas no país, a divisão e a insatisfação só vão ficar mais nítidas nos próximos anos, ameaçando a democracia. Obama ressaltou ainda uma segunda ameaça, que é a questão racial, mas ponderou que a divisão de raças nos EUA está melhor agora do que há alguns anos. 

“Se cada questão econômica for enquadrada como uma luta entre uma classe média branca e trabalhadora e uma minoria não merecedora, os trabalhadores de todas as nuances vão ficar lutando por sucatas, enquanto os ricos se retiram para seus locais privados”, disse Obama. 

Além disso, Obama apontou que a renda em 2016 nos EUA cresceu para todas as raças e faixas etárias, homens e mulheres. “Então, se vamos ser sérios sobre a questão racial, precisamos manter leis contra a discriminação – na contratação, na habitação, na educação e no sistema de justiça criminal.” 

O presidente ressaltou, contudo, que só leis não serão suficientes para resolver a questão racial. “Os corações devem mudar. Não será uma mudança da noite para o dia. Atitudes sociais algumas vezes levam gerações para mudar.”

Obama mencionou ainda uma terceira ameaça à democracia, que é quando um grupo de pessoas similares se junta em uma bolha, seja uma comunidade, uma igreja, uma rede social ou um colégio, e esse grupo concentra pessoas semelhantes e com a mesma visão política. Uma pessoa nunca questiona as hipóteses da outra. “E cada vez mais, ficamos tão seguros em nossas bolhas que aceitamos apenas informações, verdadeiras ou não, que se encaixam em nossas opiniões, ao invés de basear nossas opiniões nas evidências que estão lá fora.” A política, disse Obama, é uma batalha de ideias. 

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