Dinheiro nem sempre foi sinônimo de riqueza, revela escritor Jorge Caldeira

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2017 17h19 - Atualizado em 07/12/2017 17h29
Reprodução "A primeira produção de riqueza no Brasil foi a troca simples, sem moeda, de excedentes", disse Caldeira

Ter muito dinheiro não significa que você é muito rico. Dá para imaginar? Isso é apenas um pouco do que conta o livro “História da Riqueza no Brasil”, do escritor Jorge Caldeira. Convidado desta semana no programa Perguntar Não Ofende, ele contou um pouco como funcionava o país antes da chegada dos europeus. Segundo o escritor, o termo era atribuído pelos índios a um conjunto de bens que a pessoa guardava além do que ela consumia.

“Os nativos, que conheceram o ferro com a chegada dos europeus, começaram um comércio com esses europeus. Os tupi-guaranis, especialmente, eram muito capazes de produzir excedentes, ou seja, bens a mais do que eles consumiam. Então eles cortavam árvores, faziam toras de Pau-Brasil e carregavam pro litoral. Tudo isso era produção a mais do que eles produziam antes”, explicou.

“No litoral, aquilo era trocado por ferro, que eles não sabiam como é que fabricava, portanto era uma coisa que valia muito. Então, a primeira produção de riqueza no Brasil foi a troca simples, sem moeda, de excedentes”, completou Caldeira.

O escritor falou ainda da importância dada pelos índios ao casamento. Uma fórmula da própria cultura tupi-guarani para se ter comércio regular com estrangeiros era criar uma aliança por meio do casório. O pensamento era: se minha filha se casa contigo, você acaba se tornando meu parente e, portanto, meu aliado.

“Então, todo grupo vai lá cortar madeira e te entrega porque você é meu aliado. Você faz a troca com o lado de lá e aí você nos entrega ferro. Então o que casou com a filha do nativo passa a ser o fornecedor da mercadoria ferro e o recebedor da mercadores Pau-Brasil. E esse acumula dinheiro. Isso tinha em todos os lugares do Brasil. Portugueses, holandeses, franceses, todos eles seguiam a regra de casar com a filha do chefe, porque era assim que funcionava aquela cultura”, contou.

Caldeira revelou ainda que esse foi um fator que colaborou muito para que se tivesse um “governo de fato no Brasil”, já que o conglomerado de filhos de portugueses com índias foram virando vilas. A primeira foi São Vicente, no litoral paulista, em 1532. “Foi a primeira organização de um governo português no território brasileiro. Essa passou a ser a diferença”, disse.

Confira no vídeo abaixo a entrevista completa de Augusto Nunes com o escritor Jorge Caldeira.

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