Ata do BC diz agora que ociosidade no mercado de trabalho encontra-se “elevada”

  • Por Agência Estado
  • 10/03/2016 11h46
Camila Domingues/ Palácio Piratini Desemprego

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta quinta-feira, 10, passou a afirmar que a ociosidade no mercado de trabalho encontra-se “elevada”. No documento apresentado após a reunião de janeiro, o Comitê informava que “a margem de ociosidade no mercado de trabalho tem aumentado em ritmo mais forte”.

Agora, consta no documento divulgado há pouco: “O Copom observa que a margem de ociosidade no mercado de trabalho encontra-se elevada, com dados confirmando a intensificação da distensão esperada nesse mercado”.

O Copom pondera que ainda prevalece risco significativo relacionado, particularmente, à possibilidade de concessão de elevados aumentos de salários nominais, com repercussões negativas sobre a inflação. “Não obstante a ocorrência de variações reais de salários mais condizentes com as estimativas de ganhos de produtividade do trabalho, o Comitê avalia que a dinâmica salarial permanece originando pressões inflacionárias de custos”, diz.

Crédito

A ata manteve inalterada a avaliação de que o cenário contempla expansão moderada do crédito, “o que já havia sido observado e tende a persistir”. O colegiado destaca que, após anos em forte expansão, o mercado de crédito voltado ao consumo passou por moderação. Para o BC, nos últimos trimestres, observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos e, de outro, desalavancagem das famílias. 

“No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados. Em outra dimensão, a exemplo de ações implementadas, o Comitê considera oportuno continuar reforçando as iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito”, afirma. 

Reformas estruturais

A ata do Copom trouxe um alerta sobre a necessidade de o governo perseverar na promoção de reformas estruturais “de forma a assegurar a consolidação fiscal em prazos mais longos”. Esta foi a grande mudança na parte do documento em que a diretoria da instituição aborda o crescimento do País. 

Praticamente, o BC manteve o teor do parágrafo 23 – 22 da edição anterior, mas o dividiu em dois. O acréscimo em relação à ata passada foi justamente no final do parágrafo 24, em que cita a necessidade de reformas.

No início do 23, o Copom reitera que, com o processo de ajuste macroeconômico em curso, os indicadores disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do PIB continuam a se ajustar, indicando ritmo de expansão da atividade doméstica neste ano inferior ao previsto anteriormente. Esse processo, voltou a repetir o BC, está sendo especialmente intensificado pelas incertezas oriundas do efeito de eventos não econômicos. 

O colegiado citou que, em particular, o investimento tem-se retraído, influenciado, principalmente, pela ocorrência desses eventos, e o consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda. “Entretanto, para o Comitê, depois de um período necessário de ajustes, que se tem mostrado mais intenso e mais longo que o antecipado, à medida que a confiança de firmas e famílias se fortaleça, o ritmo de atividade tende a se intensificar”, escreveram os diretores. 

Além disso, o Copom avaliou que, no médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso. “Essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento da demanda agregada no médio prazo mais favorável ao crescimento potencial”, trouxe a ata. 

Sobre o componente externo da demanda agregada, o BC repetiu que a depreciação do real torna mais favorável o crescimento da economia brasileira. Pelo lado da oferta, o Comitê avaliou que, em prazos mais longos, emergem perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. O setor de serviços, mais uma vez destacado pela diretoria, tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos recentes.

“Para o Comitê, é plausível afirmar que esses desenvolvimentos traduzir-se-ão numa alocação mais eficiente dos fatores de produção da economia e em ganhos de produtividade. Entretanto, a velocidade de materialização dessas mudanças e dos ganhos delas decorrentes depende, fundamentalmente, de uma trajetória de superávit primários que fortaleça a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público, além da redução de incertezas que cercam o ambiente doméstico e internacional.”

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