Consumidor vê vantagem pequena na Black Friday dos supermercados

  • Por Estadão Conteúdo
  • 24/11/2017 13h52
Tânia Rêgo/Agência Brasil A Black Friday é considerada pelo comércio varejista uma das melhores oportunidades do ano para alavancar as vendas e acabar com os estoques

Passou vontade aquele consumidor que esperou a Black Friday pra ir ao supermercado e fazer uma compra do mês digna do nome. Sem encontrar grandes vantagens nos preços de alimentos, a despensa das pessoas que levantaram cedo nesta sexta-feira, 24, ficou cheia de itens como papel higiênico, cervejas de lata, uísques, sucos de caixinha e até pneus de automóveis.

A Black Friday é considerada pelo comércio varejista uma das melhores oportunidades do ano para alavancar as vendas e acabar com os estoques, e, neste ano, a aposta é de que a data contribua para a retomada do consumo, que estava em queda por causa da crise econômica. Mas nem mesmo toda a publicidade em torno do evento estava sendo capaz de incentivar as pessoas a gastarem mais no supermercado.

Nesta sexta, antes mesmo de o dia clarear, já tinha gente batendo perna em busca das melhores ofertas em diferentes supermercados da cidade. Às 6 horas da manhã no Extra da Ricardo Jafet, na zona sul da cidade, a empresária Adriana Menezes, dona de um pequeno supermercado no bairro do Jabaquara, estava com três carrinhos abarrotados de latas de cerveja. Era a terceira parada dela, que estava na rua desde às 1h30 da manhã comprando um pouco em cada lugar, buscando economizar o máximo possível.

“Estamos repondo o estoque do mercadinho, comprei 460 pacotes de cerveja até agora, e a meta é alcançar mil até o final do dia”, explica. “Sigo muito os preços de alimentos e bebidas. Quem fala que na Black Friday não tem desconto é porque não pesquisa direito. Tem que bater perna, comprar um pouco aqui, outro ali”, diz.

No mesmo local, Angélica Silva e Débora Acras contavam a ajuda da “especialista” de preços (como elas mesmo chamam), Lúcia Bessa, para encontrar ofertas “incríveis”. O trio sempre se reúne pra fazer compras no mercado e, dessa vez, se disseram frustradas com as poucas promoções em itens de comida.

“Não está valendo tanto a pena”, respondem em uníssono. “Principalmente as coisas de consumo diário, como alguns alimentos e o papel higiênico de 32 rolos, tão com preço acima da média”, reclama Débora Acras.

As amigas dizem que vão pular em vários mercados pra tentar achar as melhores ofertas. “Eu costumo economizar um pouco antes das Black Fridays pra poder gastar mais nessa data. Ano passado gastei uns R$ 700 reais, e várias coisas – como sabão em pó, por exemplo, duraram até agora. Mas a estratégia das empresas nessa data é sempre igual: alguns produtos têm descontos enormes, mas vários outros sobem de preço. Aí eles não deixam de ganhar”, aponta a dona de casa, Lúcia Bessa.

Durante a conversa com a reportagem, Angélica, que tinha no seu carrinho um frasco de amaciante, foi alertada pela sua amiga Lúcia Bessa, a “especialista em preços”, que o produto estava mais caro que em outras datas. “Não vou perder dinheiro, vou é devolver o amaciante pra prateleira agorinha mesmo”, disse Angélica.

Mesmo sendo apelidada de “Black Fraude” por alguns, o evento tem um magnetismo que impressiona. Diversos consumidores consultados pela reportagem afirmaram que apenas foram até imensa loja do extra na Avenida Ricardo Jafet pela oportunidade de talvez comprar algo por um preço “ridiculamente barato”.

Esse é o caso do casal de aposentados Ruben Garcia e Leila Silva Ela estava pela segunda vez no mesmo lugar em poucas horas – Leila fora às 22 horas desta quinta-feira, 23, com os filhos, quando o Extra anunciou o início da Black Friday. Ele, ao lado de dois carrinhos meio cheios, diz que foi arrastado pela mulher ao local.

“Não sei o que estou fazendo aqui”, comenta Ruben, rindo da própria situação. “Viemos por conta da loucura da Black Friday. Não precisávamos de nada do que está aqui”, afirma, apontando para uns pacotes de biscoito e brinquedos que dará para os netos de Natal.

Eletrônicos

Para tentar alavancar as vendas durante o dia, locutores do Extra atuavam como “pastores” na manhã desta sexta-feira, e realizava. pequenos comícios no meio da loja prometendo descontos “incríveis”. A gritaria no microfone atraía a atenção de dezenas de pessoas, que, ansiosas pela oportunidade de comprar produtos de tecnologia de “última geração” em “20 parcelinhas”, se acotovelam pra conseguir um voucher com o desconto.

O setor de eletrodomésticos e eletrônicos costuma ser a grande sensação da Black Friday, onde são anunciados os maiores descontos e condições especiais de pagamento. No Extra da Ricardo Jafet, no entanto, as opiniões dos consumidores sobre as ofertas foram bastante distintas.

O instrutor Guilherme Alberto Vieira dos Santos, de 30 anos, estava com a mulher e seu filho de 2 anos na loja. O produto que mais lhe chamou a atenção foi uma caixa de som Bluetooth, que ficava barata se o pagamento fosse à vista. Mas seu maior desejo mesmo era comprar um vídeo game novo, um Playstation 4 ou Xbox One S. “Caiu demais o preço, cara, cê viu? Vou falar com a patroa e ver se ela embarca nessa ideia. Falar que a vontade do vídeo game é do garoto”, ri Guilherme.

Na mesma seção, o servidor público aposentado Celso Melo, de 61 anos, não achou nenhum preço interessante, principalmente das televisões. “Se a ideia era vender algo, não serei eu que vou comprar isso”, afirmou.

Na loja, a grande sensação dos eletrodomésticos era um forno elétrico com capacidade para 48 litros, que estava sendo vendido na manhã desta sexta-feira R$ 279,00, preço “ótimo” segundo alguns consumidores consultados pela reportagem.

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