Divulgação do déficit é realista e receitas estavam superestimadas, diz Meirelles

  • Por Estadão Conteúdo
  • 30/05/2016 15h58
EFE/Fernando Bizerra Jr. Fotos Henrique Meirelles - ministro da Fazenda - EFE

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a estimativa de um déficit primário de R$ 170,5 bilhões este ano é maior do que o calculado anteriormente porque as receitas tributárias estavam superestimadas. “A divulgação do déficit é realista”, defendeu o ministro nesta segunda-feira, 30, em evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Segundo ele, as receitas com vendas de ativos também foram revistas. “As receitas de vendas de ativos também tiveram que ser ajustadas à presente realidade, o que está em andamento, o que ainda podia ser feito este ano. Nada fora do que é absoluto realismo”, afirmou.

Meirelles defendeu que sejam honrados os pagamentos antigos. “Em resumo, é necessário botar as contas em ordem. Austeridade começa em cumprir a realidade e as suas obrigações, e a partir daí implementar um plano de ajuste baseado na realidade”, defendeu.

O ministro disse que, à medida que for restabelecida a confiança dos agentes, a economia voltará a reagir. “Nós vivenciamos o oposto, vivemos a quebra da confiança levando à queda do investimento”, lembrou.

Meirelles declarou que a previsibilidade é essencial para o planejamento de empresários e trabalhadores no médio e longo prazo. “Quanto mais longo o horizonte de planejamento, melhor para a economia”, disse. 

“Mas isso não é meramente uma questão de psicologia, de miragem, como muitos passavam. Para isso não basta declarações, precisa de fatos. Fatos significam medidas concretas apresentadas e eventualmente aprovadas pelo congresso”, acrescentou Meirelles.

Despesa pública

O ministro da Fazenda afirmou também que a sociedade brasileira não tem condição de seguir aumentando a tributação para dar conta da expansão dos gastos públicos. Meirelles disse que, de 1997 a 2015, o crescimento anual médio da despesa pública foi de quase 6% ao ano acima da inflação. 

“Portanto, o endividamento foi consequência inevitável (da expansão dos gastos), começou a subir, e a partir daí tivemos um processo de retomada da subida da taxa de juros na economia”, disse Meirelles. 

Segundo o ministro, o primeiro problema a ser enfrentado é fazer o diagnóstico correto. Um ajuste via expansão da dívida publica e via inflação, como ocorreu com a economia brasileira na década de 1980, não é solução, é um problema, declarou.

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