EUA pactuam multa recorde de US$ 16,5 bi com Bank of America por hipotecas

  • Por Agencia EFE
  • 21/08/2014 16h42

Alfonso Fernández.

Washington, 21 ago (EFE).- O Bank of America fechou nesta quinta-feira um acordo com o governo dos Estados Unidos para pagar uma multa “histórica” de US$ 16,5 bilhões por seu papel na comercialização e venda de ativos financeiros respaldados por hipotecas lixo antes da crise.

A sanção é a maior imposta na história pelo governo americano a uma entidade bancária por más práticas financeiras.

Por um lado, o Bank of America deverá pagar US$ 9,65 bilhões em dinheiro ao Departamento de Justiça, seis estados (Califórnia, Delaware, Illinois, Kentucky, Maryland e Nova York), e a várias agências federais, entre elas a Comissão do Bolsa de Valores (SEC, na sigla em inglês).

Além disso, desembolsará US$ 7 bilhões em assistência a consumidores que se encontram em difícil situação financeira, através da modificação de suas condições hipotecárias.

O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, classificou o acordo, alcançado após meses de negociações, como “histórico”.

“A resolução, a mais alta da qual se tem registro, vai além do custo de fazer negócios. É apropriada dado o tamanho e alcance dos delitos”, declarou Holder em entrevista coletiva.

Estes ativos tóxicos foram vendidos pela Countrywide Financial e pela Merrill Lynch antes que o Bank of America comprasse ambas entidades em 2008, nos meses prévios à explosão da bolha financeira.

O Departamento do Tesouro teve que injetar posteriormente US$ 45 bilhões no banco para que pudesse manter-se flutuando.

“Acreditamos que este acordo, que soluciona significativas exposições pendentes relacionadas com ativos hipotecários, é o melhor para os interesses dos acionistas e nos permite continuar focados no futuro”, afirmou Brian Moynihan, diretor-executivo do Bank of America, em comunicado.

Apesar de a multa equivaler aos lucros obtidos pelo Bank of America nos últimos três anos, as ações do banco na bolsa responderam com altas de até 2% ao anúncio do acordo feito antes da abertura do pregão em Wall Street.

O banco já anunciou que a sanção recortará os ingressos previstos antes de impostos no terceiro trimestre do ano em US$ 5,3 bilhões.

No acordo, e segundo a nota de imprensa divulgada pelo Departamento de Justiça, a entidade financeira reconhece que vendeu bilhões de dólares “em empréstimos tóxicos cuja qualidade e nível de risco transfiguraram com pleno conhecimento os investidores e o governo americano”.

A sanção se soma a outras similares estipuladas com gigantes financeiros americanos.

Em julho, o Citigroup acertou o pagamento de US$ 7 bilhões, e no final do ano passado se alcançou um acordo parecido com o JP Morgan no valor de US$ 13 bilhões, também por suas más práticas hipotecárias.

A expectativa é que agora o Departamento de Justiça se centre em investigações pendentes com outras instituições, como Goldman Sachs e Wells Fargo.

“Já se passaram seis anos desde a crise financeira, as entidades bancárias só querem passar página e voltar a reconstruir a confiança de seus clientes”, afirmou Alison Hawkins, do Financial Services Roundtable, um grupo de pressão que engloba os principais bancos do país. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.