Internet completa 25 anos com perspectiva de futuro promissor

  • Por Agencia EFE
  • 01/11/2014 10h59

Teresa Bouza.

Santa Clara (EUA), 1 nov (EFE).- Ao completar 25 anos de existência, a internet apresenta um futuro promissor, mas, em contrapartida, sofre ameaças de controle, de acordo com o que disseram os “pioneiros” da rede mundial de computadores, que se reuniram nesta semana na Califórnia.

A conferência, que aconteceu na cidade de Santa Clara, contou com a presença do cientista britânico Tim Berners-Lee, considerado o “pai da web” e também do vice-presidente do Google, Vinton Cerf, além de uma longa lista de engenheiros e especialistas em computação.

Também estiveram presentes Fadi Chehadé, presidente da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (ICANN), Jessica Rosenworcel, responsável pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos, e Darren Walker, presidente da Fundação Ford.

Os especialistas concordaram que a internet promove a democracia, mas destacaram que governos, entre outros interessados, estão sujeitos às tentações de controla-la. Eles defendem que a rede seja livre de restrições, para que todos possam ter acesso a ela.

Nesse sentido, a responsável pela FCC defendeu a criação de novas tecnologias, que possibilitem o acesso de pessoas com limitações como, por exemplo, os cegos.

Rosenworcel elogiou o potencial de inserção que avanços tecnológicos como o veículo autônomo representa para os cegos.

A conferência também deu ênfase às ameaças sofridas pela internet em seu 25º aniversário.

O presidente da ICANN citou as palavras de um vice-presidente latino-americano durante a conferência, sem identificar a quem se referia, para dizer que o poder é apreciado pelos governos e, pelo fato de a internet ser uma ferramenta poderosa, segundo ele, será alvo da tentativa de controle por parte deles.

“A internet continua sendo uma grande fonte de solidariedade humana (…) e é verdadeiramente a ferramenta mais universal que criamos”, afirmou Chehadé, que destacou a importância de encontrar um papel para os governos e desta forma dissuadi-los da tentação de controlar esta rede livre e aberta.

Chehadé acrescentou que os “atritos” na web não provocam somente um impacto negativo na democracia e na liberdade, mas também um efeito econômico adverso.

Por sua vez, Darren Walker, da Fundação Ford, disse acreditar que a política e as políticas dos reguladores são a principal ameaça enfrentada pela internet.

Walker afirmou que para que a democracia seja alterada é necessário que haja uma participação em massa e disse estar convencido do enorme potencial de mobilização da internet, um potencial que, segundo ele, ainda não foi explorado em toda sua amplitude.

Moh Reza Haghighat, um engenheiro iraniano, chefe do departamento de inovação da Intel, contou em declarações à Agência Efe que novas tecnologias em breve serão incorporadas aos computadores, como as câmeras de três dimensões, permitindo a interação entre o usuário e os aparelhos de forma mais intuitiva.

“Os dispositivos serão capazes de enxergar, escutar e sentir”, antecipou Haghighat.

Em um momento de recordação, Berners-Lee, que estabeleceu a primeira comunicação entre um cliente e um servidor usando o protocolo HTTP em 1989, elogiou o espírito de colaboração que possibilitou o desenvolvimento da internet, inventada por ele.

“Me lembro do brilho nos olhos e do sentimento de que poderia ser divertido”, contou Berners-Lee falando sobre os pioneiros e destacando a atuação dos engenheiros e técnicos que criaram a internet, por colocarem suas diferenças de lado, tornando possível a construção em conjunto de “uma estrutura plana sobre a qual qualquer coisa pode ser construída”.

Berners-Lee também falou em favor da neutralidade da rede e da independência da internet, cuja preservação considera imprescindível. “Precisamos nos dedicar a aprimorar a web e também a defendê-la” afirmou.

Em relação a outros aspectos que envolvem a internet, Berners-Lee criticou plataformas populares, como o Twitter, por considerar que amplificam as opiniões extremas, o que considera preocupante em um mundo muito polarizado.

“O Twitter é um meio que amplifica os extremos”, declarou Berners-Lee na conferência sobre o futuro da web. EFE

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