Maílson avalia que não há como fugir de aumento de impostos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 18/05/2016 08h10
Brasil, São Paulo, SP. 10/04/2003. O economista Maílson da Nóbrega fala durante seminário sobre as perspectivas da economia brasileira realizado no auditório do Renaissance São Paulo Hotel, na capital paulista, em abril de 2003. - Crédito:SEBASTIÃO MOREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:62718 SEBASTIÃO MOREIRA / AGÊNCIA ESTADO Maílson da Nóbrega

O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega avaliou que os desafios da nova equipe econômica são “gigantescos” e o maior deles é no campo fiscal, especialmente no trabalho de redução da relação entre a dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB). Nesse sentido, ele acredita que a nova equipe econômica não tem como fugir de aumentar impostos, além de diminuir incentivos fiscais.

“Por mais desagradável que isso seja, por ruim que seja a CPMF, sem ela fica pior. Acredito que o governo aumentará a alíquota da Cide. Nesse caso, há duas vantagens: a elevação pode ser feita por decreto e há efeitos colaterais positivos porque estimula a expansão do agronegócio e a redução de combustíveis fósseis, ajudando o meio ambiente”, afirmou em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, após proferir palestra em evento da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).

O ex-ministro ainda avaliou que o governo Temer passará um “pente fino” em alguns programas, embora o efeito disso seja muito pequeno. Ele citou como exemplo o fechamento de embaixadas, intenção do novo ministro das Relações Exteriores (MRE), José Serra.

Sobre a redução de incentivos fiscais, Nóbrega disse que há muita ilusão sobre esse tema. “O governo tentará reduzir ao máximo esses incentivos, mas grande parte deles está assegurada por contrato e não dá para fazer mudança unilateral”, disse.

O ex-ministro lembrou que as ações citadas podem não ser implementadas, já que ainda não houve de fato anúncio de medidas “Acho que Henrique Meirelles está certo em não anunciar medidas É preciso fazer um diagnóstico, olhar quais são as alternativas, onde pode cortar, com mínimo custo colateral, sempre lembrando que a margem de manobra é muito pequena”, destacou.

Porém, Maílson declarou que a primeira batalha do novo governo já está ganha: é a de reverter expectativas ruins. “A expectativa mudou para melhor: as pessoas estão acreditando que agora temos uma gestão muito séria na Fazenda, que acabaram as pedaladas, a contabilidade criativa, que a área econômica tem rumo que pode até não ser materializado por questões políticas, mas seguramente é melhor para o País e agora vai depender mais da habilidade política”, enumerou. “Tem que abrir a economia e não é preciso uma reforma constitucional: é uma questão de decisão.”

O ex-ministro elogiou o presidente em exercício, afirmando que Michel Temer tem a vantagem de ser o primeiro presidente do Brasil com experiência em articulação política e no funcionamento do Congresso. “Há um otimismo excessivo de que Temer vai conseguir aprovar todas as reformas na Câmara. Mas tem uma chance de aprovar pelo menos a reforma da Previdência”, declarou. Ele aconselhou Temer a esquecer as demais reformas, já que seria “mexer em vespeiros”. “Melhor deixar para um governo com propostas de mudanças nessas respectivas áreas”, disse.

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