Novo ministro da Fazenda promete corte de gastos, mas não anuncia medidas práticas

O novo ministro da Fazenda prometeu corte de gastos para aumentar a confiança no país, mas postergou anúncios de medidas práticas e frustrou o mercado. De acordo com Joaquim Levy, a economia voltada ao pagamento dos juros da dívida será de 1,2% do PIB em 2015.

Dilma Rousseff confirmou os primeiros nomes da futura gestão: Nelson Barbosa, no Planejamento, e Alexandre Tombini, que fica no Banco Central. O novo ministro da Fazenda, conhecido como “mãos de tesoura”, fez indicações ao mercado, mas ainda não anunciou medidas práticas.

*Ouça os detalhes no áudio

Levy garantiu que terá autonomia plena para trabalhar, mas evita falar sobre a relação com a presidente Dilma Rousseff. O novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reconheceu a necessidade de seguir melhorando os gastos do governo.

Depois do pronunciamento dos ministros, que ainda não tem data para posse, a Bovespa fechou em queda de 0,68%, pois eram esperadas medidas práticas.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que continuará no cargo, citou o combate à inflação e ações no mercado de câmbio como prioridades. Apesar da fala de Alexandre Tombini, o dólar fechou em alta de 0,9%, nesta quinta-feira, cotado a R$ 2,52.

O ex-diretor do Banco Central, Luis Eduardo Assis, avaliou que o impacto inicial com o anúncio é positivo, mas alerta. Assis acrescentou que a nova equipe econômica tem preocupação com a credibilidade do país.

O economista Mansueto Almeida, técnico do IPEA, ressaltou que, apesar da sinalização, os desafios são grandes e cercados de incertezas. Almeida acha, no entanto, que ainda não está clara a posição do governo sobre a superação dos desafios fiscais.

Falando ao repórter Thiago Uberreich, o economista José Márcio Camargo, professor da PUC do Rio de Janeiro, esperava medidas específicas. Para Camargo, o Brasil precisa ter uma política fiscal, diferente da adotada nos últimos anos, com corte de gastos e superávit primário.

Durante o anúncio, os ministros evitaram falar sobre a tentativa do governo de aprovar um projeto no Congresso que muda a meta.