Petrobras, Vale e siderúrgicas ganham R$ 60 bilhões na Bolsa no 1º semestre

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/07/2016 09h58
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Castigadas por investidores nos últimos anos, Petrobras, Vale, Gerdau, Usiminas e CSN recuperaram, no primeiro semestre, R$ 60,3 bilhões em valor de mercado. A petroleira liderou o movimento com recuperação de R$ 37,1 bilhões, seguida da Vale, com ganho de R$ 15,8 bilhões em relação ao fim de 2015, segundo a Economática. Combalidas por problemas que extrapolam a fronteira financeira e operacional, elas ganharam fôlego com a alta dos preços dos metais e do petróleo, mas analistas consideram o cenário nebuloso para a segunda metade do ano.

A melhora nos papéis das cinco empresas é creditada, em parte, à superação de expectativas no cenário macroeconômico, que indicavam baixas nas commodities. A preocupação era quanto ao desempenho da economia da China e a uma possível alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que poderia valorizar o dólar.

“A China anunciou medidas de estímulo e a probabilidade de aumento de juros nos Estados Unidos este ano é menor. O cenário macro foi bem melhor que o esperado”, diz Marcelo Aguiar, sócio da Leblon Equities. O cenário também ajudou o petróleo. “Com o dólar menos valorizado, os preços do petróleo aumentam, de forma a manter o equilíbrio do mercado”, diz Walter de Vitto, da consultoria Tendências.

Segundo Aguiar, “ninguém esperava” que o minério atingisse US$ 71 por tonelada (pico do ano, em 20 de abril). Nos seis primeiros meses de 2016, o insumo teve valorização de 25%, em relação ao fim do ano passado.

Já o barril de petróleo teve em janeiro o menor patamar em 12 anos, a US$ 29. Havia temor de excesso de oferta, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) rejeitar a definição de um teto de produção. Bem sucedida, a estratégia tirou competitividade do gás de xisto norte-americano, que perdeu mercado. Ao longo do semestre, a produção global ainda foi afetada por desastres naturais e sabotagens, no Canadá e Nigéria, provocando um choque de oferta.

Em junho, a cotação de petróleo se estabilizou na faixa de US$ 44 – patamar de referência da Tendências o segundo semestre. “Esperamos que as cotações do petróleo se acomodem, mas com expectativa de alta marginal devido à redução da folga do balanço entre oferta e demanda”, diz Vitto.

Para o minério, os analistas questionam a sustentabilidade da curva ascendente dos preços. O Itaú BBA espera que a cotação fique perto de US$ 50 por tonelada no segundo semestre, caindo a US$ 45 em 2017. O Credit Suisse diz que a cotação pode cair para US$ 40, permanecendo neste patamar até 2020. Haverá aumento de oferta com o início de operação da mina australiana Roy Hill, da Hancock, e do projeto Serra Sul, da Vale, no fim do ano.

Desafios

O economista Roberto Castello Branco, ex-diretor da Vale e recém-saído do conselho da Petrobras, lembra que as commodities estão muito longe do auge de suas cotações. Em fevereiro de 2011, o minério de ferro atingiu US$ 191 por tonelada, enquanto o barril de petróleo chegou a US$ 139, em 2008. 

Hoje membro do Centro de Crescimento e Desenvolvimento da FGV, Castello Branco diz que os investidores deram voto de confiança ao presidente interino Michel Temer (PMDB). O analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall, concorda que houve boa recepção da equipe econômica, mas pondera que a recuperação das empresas está longe de ser sustentável: “O caminho da Petrobras é gigantesco e ela basicamente não resolveu nada da dívida.” 

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