Plano de desinvestimento pode ser prejudicado pela crise no Brasil, diz Petrobras

  • Por Estadão Conteúdo
  • 28/04/2016 15h39
Ex-funcionário da Comperj protesta em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro EFE / Marcelo Sayao /Archivo Ex-funcionário da Comperj protesta em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro

O plano da Petrobras de vender US$ 15,1 bilhões em ativos até o fim deste ano pode falhar por motivos que independem da empresa, como a crise econômica e política no Brasil. “A redução sustentada dos preços do petróleo, as flutuações da taxa de câmbio, a deterioração das condições econômicas no Brasil e no mundo e a crise política interna, entre outros fatores, podem reduzir ou impedir oportunidades de vendas dos ativos ou afetar o preço de venda”, informa a Petrobras no relatório 20-F, divulgado nesta quinta-feira, 28, à Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos. A informação faz parte do capítulo “fatores de risco”, no qual descreve as incertezas às quais está sujeita e que podem afetar os seus resultados no futuro.

Um possível insucesso no programa de desinvestimento teria efeitos sobre o plano de negócios da Petrobras, acrescentou a empresa no documento. O plano de venda de ativos, somado a financiamentos, é considerado estratégico pela atual gestão da Petrobras, que vê na alternativa uma solução financeira para pagar dívidas, investir nas reservas de petróleo e gás natural e no abastecimento do mercado interno de combustíveis. Segundo o documento, sem desinvestir, a Petrobras estará exposta a “restrições de liquidez no curto e médio prazos”, e ficar sem dinheiro para investir.

Ao mesmo tempo, a Petrobras admite que a venda de ativos pode prejudicar “os resultados operacionais no médio e longo prazos”, porque vai implicar em uma retração do fluxo de caixa. O desafio está em encontrar a medida certa de desinvestimento a ponto de não afetar o cumprimento de metas operacionais e de geração de caixa. Em um cenário negativo, pode ser obrigada a vender mais ativos do que o previsto ou a investir menos.

“Nós não podemos garantir que seremos capazes de obter, no período de tempo esperado, os recursos e financiamentos necessários para explorar os reservatórios em águas profundas e ultraprofundas (inclusive no pré-sal) que foram licitados ou que possam ser concedidos no futuro”.

Nesse ponto, esbarra mais uma vez na crise brasileira, que pode influenciar a avaliação de risco das agências de classificação. Por ser controlada pela União, a Petrobras é diretamente influenciada pelo contexto nacional.

A empresa vai precisar de uma “ampla gama de fontes de financiamento” para seguir adiante, mas “qualquer outra redução das notas de crédito do governo federal brasileiro pode ter consequências adversas adicionais sobre a nossa capacidade de obter financiamentos ou sobre o nosso custo de financiamento e, consequentemente, sobre nossos resultados operacionais e financeiros”.

Combustíveis

Como já havia feito no ano passado, no 20-F de 2015, a Petrobras admite que a política de preços dos combustíveis sofre interferência do governo federal. Segundo o texto, por decisão do governo, “poderá continuar a haver períodos em que os preços dos produtos não estarão em paridade com os preços internacionais”. Atualmente, a gasolina e o óleo diesel estão mais caros do que no mercado externo. Mas, por anos, os preços se mantiveram abaixo, contribuindo para conter a inflação.

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