Prévia do PIB sobe 0,58% com reação do comércio

  • Por Estadão Conteúdo
  • 21/11/2017 10h23
Fotos Públicas Entidades de defesa do consumidor se dizem preocupadas com as mudanças no cadastro positivo, mas o comércio comemora. Na semana passada, o texto-base do projeto que muda as regras foi aprovado pela Câmara. O cadastro positivo é um banco de dados que existe desde 2011 e relaciona os clientes que são considerados bons pagadores. Até então, o consumidor precisava pedir pra ter o nome incluído, mas agora, todos que estiverem com as contas em dia entram na lista automaticamente. Quem não quiser, terá que entrar em contato com as instituições financeiras e solicitar a exclusão. Segundo Paulo Miguel, diretor-executivo da Fundação Procon de São Paulo, não há garantias de que os dados do consumidor estarão protegidos. O deputado Walter Ioshi, que foi o relator do projeto na Câmara, rebate e garante que não haverá violações. A aprovação do novo cadastro positivo agradou as empresas de crédito e os varejistas. O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, diz que é uma vitória do consumidor que mantém as contas em dia. Apesar da aprovação, os destaques do texto ainda serão apreciados pelo plenário da Câmara nesta semana. Depois, o texto segue para uma nova análise do Senado, de onde veio a matéria original. Foi o terceiro trimestre consecutivo de alta da economia registrado na série do BC, algo que não ocorria desde 2013

A economia brasileira seguiu em recuperação no terceiro trimestre. Segundo os dados do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), a atividade econômica teve um crescimento de 0,58% no período, na comparação com o segundo trimestre. Foi o terceiro trimestre consecutivo de alta da economia registrado na série do BC, algo que não ocorria desde 2013.

Considerado uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve como parâmetro para avaliação do ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. Apenas em setembro, o índice registrou alta de 0,40% em relação ao mês anterior, após ter cedido 0,37% em agosto. Medido em pontos, o indicador passou de 135,20 para 135,74 pontos em setembro. Em 2017, a alta acumulada do IBC-Br é de 0,43%, considerando a série sem os ajustes sazonais.

Para o economista João Fernandes, da Quantitas Asset, a alta do IBC-Br em setembro está ligada ao cenário positivo da indústria e do comércio. “O crescimento do comércio tem sido impulsionado pelo processo de redução de dívidas das famílias, pela reversão do mercado de trabalho e pelos efeitos da política monetária”, explicou o economista, em referência ao atual ciclo de cortes da Selic (a taxa básica de juros da economia).

De fato, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria registrou um crescimento de 0,2% em setembro e acumula, no ano, um crescimento de 1,6%. Já o comércio cresceu 0,5% em setembro e 1,3% no acumulado do ano.

Por outro lado, Fernandes afirma que o setor de serviços ainda não reagiu. Segundo ele, isso é esperado, porque o setor, historicamente, demora mais para responder às oscilações da economia, tanto nos momentos de retração quanto nos de expansão. “O consumidor tende a substituir mais facilmente o seu consumo de bens do que o de serviços”, avaliou. Os serviços registraram queda de 0,3% em setembro e de 3,7% no acumulado dos três primeiros trimestres.

O economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos e professor da PUC-Rio, afirmou que o fato de o consumo das famílias ainda ser o único impulso para a retomada da economia tem feito o IBC-Br oscilar nos últimos meses. O indicador, que subiu em setembro, havia recuado em agosto.

“A saída da recessão está sendo muito lenta porque, do ponto de vista da demanda, o empresário ainda não voltou a investir e o governo não tem condições de aumentar gastos. Então, a recuperação está muito concentrada no consumo das famílias”, disse.

Na visão do próprio BC, embora o consumo seja importante para essa recuperação, a retomada dos investimentos produtivos no País seria o próximo passo para garantir um crescimento sustentável. A instituição projeta alta de 0,70% para o PIB em 2017 e avanço de 2,2% em 2018. “O investimento será o principal impulso em 2018”, avaliou Fernandes, da Quantitas. “Não há mais espaço para crescer baseado só em consumo.”

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