Serasa: PIB do 2º tri deve ficar entre 0% e 0,2%, sem repetir evolução do 1º tri

  • Por Estadão Conteúdo
  • 19/07/2017 13h02
Marcos Santos/USP Imagens A variável que melhor quantifica este impacto é a medida de crescimento da economia (PIB) que cresceu 1% no primeiro trimestre e que somente avançará algo entre 0% e 0,2% de abril a junho, de acordo com previsão da Serasa Experian

A economia brasileira assimilou de fato o impacto, no campo político, desferido contra o presidente Michel Temer pelo empresário dono da J&F, Joesley Batista, afirmou nesta quarta-feira, 19, em transmissão ao vivo pelo Twitter, o economista-chefe da Serasa Experian, Luís Rabi.

A variável que melhor quantifica este impacto é a medida de crescimento da economia (PIB) que cresceu 1% no primeiro trimestre e que somente avançará algo entre 0% e 0,2% de abril a junho, de acordo com previsão da Serasa Experian informada por Rabi durante a transmissão.

A divulgação do áudio de conversa entre Joesley Batista e o presidente Temer foi divulgada em 17 de maio e não foi captada pelos indicadores econômicos dos primeiros três meses do ano. Mas será perceptível nos dados das contas nacionais no período de abril a junho.

Segundo Rabi, o episódio rompeu o processo de racionalidade que o impeachment da presidente Dilma Rousseff introduziu na política econômica. Para ele, a economia de um modo geral estava dando sinais de recuperação. Para ele, o crescimento do PIB no primeiro trimestres teve muito da contribuição da agricultura. “Mas não era só a agricultura. Alguns outros setores mostravam sinal de vida”, disse o economista, acrescentando que o segmento de bens duráveis, por exemplo, se expandiu à razão de 0,5% no primeiro trimestre.

Produção de veículos com crescimento de 3,5% foi outro exemplo pontuado por Rabi como indicador de que a economia estava correndo na direção certa antes do advento da gravação da JBS. “As exportações cresceram bastante no primeiro trimestre, o mercado de trabalho começava a recuperar parte dos postos destruídos e víamos vários segmentos numa tentativa de recuperação”, lembrou Rabi. Enquanto isso, continuou ele, a manutenção da trajetória cadente da inflação e o câmbio estável abriam espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar juros.

“Aí vieram as gravações que impactaram os mercados”, disse o economista, observando que na esteira da instabilidade decorrente o risco Brasil aumentou 50 pontos-base, para 250 pontos, e o dólar subiu de R$ 3,15 para R$ 3,40. O mercado futuro que baliza a curva de juros no futuro subiu, com a taxa DI para janeiro de 2021 saltando de 9,5% para 11,39% no dia 18 de maio, no day after da divulgação da gravação. “A economia real sentiu esse efeito. Tanto que as vendas do Dia das Mães em maio cresceram 2% sobre a mesma em 2016 e as vendas do Dia dos Namorados junho caíram 0,3%, neutralizando a tendência de crescimento que começava a se fortalecer no varejo”, disse.

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