Sindicatos ameaçam com novos protestos após greve com “guerra de números”

  • Por Agencia EFE
  • 28/08/2014 19h42

Buenos Aires, 28 ago (EFE).- Os sindicatos enfrentados com o governo da Argentina ameaçaram realizar novos protestos após uma greve geral que afetou parcialmente o transporte nesta quinta-feira, mas não impactou na indústria, além de ter suscitado uma guerra de números.

A greve, a segunda que o governo de Cristina Kirchner enfrenta este ano, uniu a ala opositora da Central de Trabalhadores Argentinos, que iniciou seu protesto no meio-dia da quarta-feira, e dois dos três setores nos quais está dividida a Confederação Geral do Trabalho (CGT), que realizou hoje uma paralisação de 24 horas.

As centrais convocaram a greve para reivindicar a reabertura das negociações salariais devido ao aumento da inflação (em julho segundo o governo se acumulava uma alta do custo de vida de 167%, enquanto as consultoras privadas preveem que em 2014 acabará em 30%) e a modificação do imposto que pesa sobre os salários.

O protesto afetou setores como o transporte e os bancos mas não conseguiu paralisar o país, cujas autoridades negaram categoricamente seu impacto na produção.

“A partir destes dados, a partir do que vimos na rua, não se pode dizer que o que hoje ocorreu seja uma greve geral”, afirmou o ministro do Trabalho da Argentina, Carlos Tomada, assegurando que entre 55% e 80% das pessoas foram trabalhar hoje.

Tomada detalhou que em importantes setores, como a indústria metalúrgica, a construção, a administração pública, o transporte de passageiros e o comércio, a atividade foi “normal” e que os organizadores da greve “não alcançaram” seu objetivo de produzir um “prejuízo econômico”.

“O aparelho produtivo do país funcionou normalmente. Não deixa de chamar a atenção que tenham tentado produzir esse prejuízo a um governo nacional que foi um claro defensor do trabalho e dos direitos dos trabalhadores”, comentou.

O ministro declarou ainda que uma modificação ao imposto que pesa sobre os salários, uma das reivindicações dos grevistas, “não é uma prioridade” para o governo.

Porém, enquanto o governo minimizou o impacto do protesto, para os organizadores a greve foi “contundente”.

O líder da ala opositora da CGT, Hugo Moyano, assegurou que foram “muito altos os índices de adesão”, em torno de 85%.

Isso, segundo Moyano, “apesar de o governo ter utilizado todo o aparelho estatal para tentar debilitar esta jornada extraordinária”.

Moyano, um antigo aliado da presidente argentina, disse que os sindicatos grevistas “interpretaram a vontade do povo que queria expressar-se” e “protestar perante um governo que não responde às reivindicações dos trabalhadores”.

O líder da CGT opositora advertiu que os protestos “vão se aprofundar se não houver respostas” por parte do governo.

“Esperamos respostas. Queremos que nos deem soluções o mais rápido possível. Na próxima vamos estar na rua e o ato será na Praça de Maio (em frente à sede do Executivo)”, declarou Luis Barrionuevo, líder da CGT Azul e Blanca, outro dos setores opositores da central.

Durante a jornada de hoje movimentos de esquerda acompanharam o protesto com cortes de ruas e bloqueios de acessos a Buenos Aires que, segundo Tomada, “desprestigiam, distorcem e debilitam qualquer protesto e o transforma em um ato de minorias”.

Além disso, foram registrados danos provocados por piquetes sindicais em formações da ferrovia Sarmiento.

Sem referir-se abertamente à greve, Cristina Kirchner utilizou sua conta no Twitter para criticar o que qualificou como um “atentado contra os vagões”.

Cristina, aliás, foi o principal alvo das críticas de centenas de sindicalistas reunidos na sede da CGT, que transformaram o grito de torcida “Brasil, decime que se siente”, que ficou popular durante a última Copa do Mundo, em uma nova “canção de protesto” contra o governo. EFE

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