“Somente a queda do desemprego deve fazer a inadimplência recuar”, diz economista

  • Por Jovem Pan
  • 11/01/2018 17h25 - Atualizado em 11/01/2018 17h25
Agência Brasil Agência Brasil Compras com prazos dilatados facilitam o aumento da inadimplência; 60 milhões de brasileiros ainda estão negativados

Nesta quinta-feira (11), o SPC Brasil revelou que houve uma estabilização da inadimplência em 2017, com queda de 3,5% ante o ano anterior. Mas ainda há 60 milhões de brasileiros negativados.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, destacou que os números elevados no endividamento remetem aos últimos três anos de crise econômica. “O patamar ainda é bastante alto porque tivemos quase três anos de grande dificuldade com explosão do desemprego e queda da renda muito grande. Isso afetou as famílias e a inadimplência subiu fortemente. Na segunda metade de 2017 até houve uma queda, e está estabilizada agora, mas o patamar ainda é muito alto”, disse Solimeo.

Já para 2018, o economista acredita que a melhora do nível de emprego, e consequentemente crescimento da renda, é fundamental para ocasionar um breve recuo do saldo devedor. “Sem que o desemprego dê alguma recuada fica difícil a inadimplência recuar. Não há uma família que não tenha alguém desempregado na atual situação. Acreditamos que com essa melhora que a economia está apresentando, pois já há sinais bastante claros de recuperação da indústria e varejo com crescimento de vendas. Além do próprio setor de serviços que demorou mais a reagir e já está mostrando alguns sinais de melhora embora lentamente”, projetou.

“Não vamos ter ainda uma solução mágica, mas a tendência é de uma redução gradativa”, completou.

Setores mais atingidos

Questionado sobre os setores que mais causam o endividamentos dos consumidores, Solimeo ressaltou que as compras à prazo são as grandes vilãs, porém grande parte também está atrelada aos serviços públicos, como contas de luz, água, gás e telefone. “São os bens de maior valor, normalmente comercializados a prazos mais dilatados. Mas os serviços públicos também tem uma participação grande. Embora as pessoas priorizem pagar esses serviços quando a situação aperta demais e acaba não tendo condições. Quanto mais longos os prazos de pagamento maior é o risco de inadimplência”, afirmou o economista.

Apesar de uma sinalização da recuperação econômica durante as vendas de final de ano, Marcelo Solimeo destacou que este “alívio” deve ser traduzido na manutenção do emprego daqueles que foram contratados como temporários. “Com a economia melhorando, certamente outros setores também vão aumentar a oferta de emprego. Há cadeias de lojas anunciando expansão. Tudo isso é sinalização da queda do desemprego e assim deve cair também a inadimplência”, disse.

“O setor financeiro foi muito cauteloso no ano passado e deve continuar mantendo essa cautela. Esperamos que o crédito cresça um pouco mais do que em 2017, que foi um ano difícil com bancos excessivamente cautelosos”, finalizou o economista-chefe da ACSP.

*Com informações do repórter Marcello Mattos

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