Ex-diretor do Banco Central entende que ajustes na economia continuarão em 2016

  • Por Jovem Pan
  • 19/03/2015 11h47

Schwartsman foi Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central de 2003 a 2006. Depois Karime Xavier/Folhapress Alexandre Schwartsman

Diferente do discurso do governo, os duros ajustes fiscais na economia brasileira não devem terminar tão cedo, mas adentrar 2016. É o que entende o economista e ex-diretor do Banco Central do Brasil (BC) Alexandre Schwartsman, em entrevista exclusiva à jornalista de economia Denise Campos de Toledo, da Jovem Pan.

“O ajuste está caminhando na direção correta”, considera Schwartsman, entendendo que o governo está se esforçando no sentido de corrigir as contas públicas e exemplifica: “O Banco Central admite que inflação é um problema, embora muito relutantemente”.

Porém, o ex-diretor do BC avalia que “em termos de magnitude, não parece que (o governo) vai colocar toda casa em ordem já em 2015 para abrir espaço para o crescimento em 2016”. Ele entende que os ajustes vão continuar em 2016. O discurso governamental de que até o final do ano ou no segundo semestre a economia já se estabilizaria “é uma tremenda balela”, classifica Schwartsman.

“A situação é mais difícil do que em 2003, seja no campo econômico, seja no campo político”, disse, em referência ao primeiro ano do primeiro mandato de Lula, quando o mercado temia medidas radicais do presidente petista. À época, um ajuste rápido foi suficiente.

Mercado de Trabalho

O ex-diretor cita também núeros do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), órgão do governo que registrou perda em fevereiro de algo como 2 mil a 3 mil postos. “Para o mês, é muito”, disse. “O mercado de trabalho vai piorar mais”, projeta.

Schwartsman entende que “não sobrou opção para o Banco Central”. “(O BC) tinha uma certa munição e gastou no último ano e meio”, avaliou, lutando contra a volatibilidade do câmbio.

Juros e inflação

O ex-diretor do Banco Central, que controla a taxa de Selic, entende também que os juros atuais de 12,75% não serão suficientes para manter a inflação no centro da meta de 4,5% em 2016. Para 2015, Schwartsman prevê 8,5% a 9% de inflação.

“13% de juros não entrega a inflação na meta: entrega em torno de 6%”, considera.

“A gente ainda vai estar trabalhando em 2016 para corrigir cinco ou seis anos de bobagens seriais cometidas contra a economia brasileira”, opinou.

Ouça a entrevista no áudio acima.

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