Gravação que mostraria Erdogan pressionando juiz aumenta tensão na Turquia

  • Por Agencia EFE
  • 04/03/2014 12h23

Ancara, 4 mar (EFE).- Uma nova gravação, que vazou ontem à noite e foi reproduzida nesta terça-feira pela imprensa, em que parece se ouvir o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, tentando influenciar um juiz, elevou a pressão na campanha das eleições municipais de 30 de março.

Na conversa, divulgada no canal YouTube, se ouve uma voz atribuída a Erdogan que pede que o ministro da Justiça, Sadullah Ergin, que intervenha no julgamento de um magnata dos meios de comunicação para conseguir a condenação.

O primeiro-ministro se queixa que o juiz retirou a acusação de evasão fiscal contra Aydin Dogan, dono de um império midiático que teve no passado conflitos com o executivo islamita de Erdogan.

“Não me surpreende que o primeiro-ministro intervenha na Justiça. Quer controlar tudo, a justiça, o esporte, os sindicatos e as universidades”, denunciou hoje a Agência Efe Gökan Günaydin, vice-presidente do CHP, o principal partido da oposição.

No domingo já tinha surgido outra gravação, na qual parece se ouvir Erdogan, que fala de colocar uma pessoa próxima como presidente do Fenerbahçe, uma das principais equipes do futebol turco.

São já várias as conversas nas quais uma voz parecida com a do primeiro-ministro se refere a comissões ilegais e práticas corruptas.

O primeiro-ministro denunciou que essas conversas são de filmes produzidos pela organização do predicador islamita Fethullah Gülen, antes aliado do governo e que agora Erdogan acusa agora de criar um Estado paralelo.

A sucessão de vazamentos influiu na campanha para as eleições municipais de 30 de março, consideradas já como uma moção de confiança ao Executivo.

Os protestos populares chegaram ontem inclusive a um comício eleitoral de Erdogan, quando um homem foi diante do palco em que o primeiro-ministro discursava e mostrou um cartaz com a mensagem “Há ladrões”, antes de ser retirado violentamente pelos guarda-costas.

As diferentes gravações parecem minar o objetivo inicial do AKP de manter os 50% dos votos que alcançaram nas gerais de 2011.

O partido reconheceu no fim de semana que uma porcentagem de 38,8% seria considerada um sucesso.

Hakan Bayraktar, da empresa de pesquisas SOAR, declarou hoje ao jornal “Sözcü” que em breve publicarão uma pesquisa que indica que as gravações atribuídas a Erdogan provocaram uma queda de até 15% nas intenções de voto do AKP. EFE

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