Joesley: Marta recebeu caixa 2 em 2010 e “mesada” de R$ 200 mil como senadora

  • Por Jovem Pan
  • 19/05/2017 16h11
Edilson Rodrigues/Agência Senado Marta Suplicy durante reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que aprovou a união civil homoafetiva

O dono da JBS Joesley Batista citou a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) em um dos anexos de sua delação premiada à Lava Jato revelada nesta sexta-feira (19). Segundo Joesley, Marta recebeu R$ 500 mil em espécie na campanha ao Senado em 2010.

Já como senadora, após manter “amizade” com o dono da JBS, Marta teria recebido entre 2015 e 2016 uma “mesada” de R$ 200 mil. O pagamento teria durado cerca de 15 meses, segundo Joesley.

Primeiro, o empresário garante que “nunca teve nenhum ato de ofício pra ela (Marta). Nunca pedi nada para ela nem ela pediu nada para mim”. Marta teria sido apresentada a Joesley em 2010 pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, quando este trabalhava na campanha de Dilma Rousseff. Marta era candidato ao Senado.

No escritório da então petista, Marta teria pedido R$ 1 milhão de apoio à campanha. Joesley solicitou o pagamento: R$ 500 mil foram feitos em dinheiro, R$ 500 mil na campanha oficial (declarados ao Tribunal Superior Eleitoral). Joesley diz, no entanto, que não sabia da bipartição e descobriu o pagamento espécie enquanto analisava os documentos para a delação premiada. O empresário “não recorda” quem pagou os R$ 500 mil ilícitos.

“Achei que tinha sido R$ 1 milhão na campanha oficial. Não sabia que tinha sido R$ 500 (mil) em dinheiro”, diz.

“Fiquei amigo dela. Convivi com ela e o Márcio (Toledo, marido de Marta) todos esses anos”, relata Joesley Batista.

Mesada

Já pensando em se candidatar à Prefeitura de São Paulo (Marta se filiou ao PMDB em setembro de 2015 com essa intenção), Marta Suplicy “pediu uma mensalidade” para Joesley, segundo o executivo da JBS. “Ela dizia ser da campanha”, afirma.

“Foi pago mensalmente R$ 200 mil durante um bom período”, relata Joesley. “Umas 15 parcelas” entre 2015 e 2016 teriam sido transferidos.

O dono da JBS, no entanto, estranhou o pedido. “Nós (da JBS) não temos nada a ver com a Prefeitura”, explica. “Esses R$ 200 mil nós demos pelo fato de ela ser senadora”.

Insistência

Mesmo já sendo proibida pelo Supremo Tribunal Federal a doação empresarial, o casal Marta e Márcio Toledo teriam “insistido muito” por uma contribuição no pleito de 2016. “Eles insistiram muito para nós participarmos da campanha deles de prefeito”, diz Joesley.

“Eu acho que ela acreditava muito que eu ia financiar a campanha dela para prefeito. Mas não tinha nenhuma lógica né. Tanto foi que eles insistiram tanto, a Marta, o Márcio insistiram. Um dia em que eu estava viajando chegaram a ligar para o Wesley (Batista, irmão, também dono da JBS), insistiram muito para que o Wesley fosse à casa dela. O Wesley não conhece ela, não é amigo dela nem o Márcio. Ele foi lá preocupado. ‘Pô, uma senadora da República me ligando tão insistentemente dizendo urgente que precisa falar comigo’, você no mínimo vai né. E o assunto era o apoio da campanha”, afirma o dono da JBS.

Com a “muita insistência” do casal, Joesley diz que “até se afastou” um pouco deles.

A Jovem Pan entrou em contato com a assessoria da senadora que responde em nota. Confira:

“Na chocante confissão de improbidade de Joesley Baptista há verdades e mentiras. Confirmo a declaração dele de que nunca me pediu e nunca lhe fiz nenhum favor ou benefício, nem particular, nem institucional. Confirmo a doação oficial, e única, feita para minha campanha ao Senado, que presumo tenha saído da contabilidade regular da empresa dele porque ele sabia que esse dinheiro seria declarado ao TSE, como efetivamente foi. Desminto, enfaticamente, qualquer outra doação. É absurda a afirmação de que suas empresas tivessem me doado qualquer valor mensal para a campanha à Prefeitura de São Paulo em 2016. Foi pedida uma contribuição da pessoa física, que foi negada. Nada foi doado e nada foi pago ou recebido. Aliás, a campanha eleitoral não durou quinze meses e, repito, nada foi doado por esse grupo à minha campanha para a Prefeitura. Tomarei as providências cabíveis para esclarecer legal e devidamente essas afirmações falsas.” Marta Suplicy, senadora

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