“Lava Jato vai ficar para o resto da vida”, diz conselheiro do TCE-SP, Dimas Eduardo Ramalho

  • Por Jovem Pan
  • 19/10/2017 17h26 - Atualizado em 19/10/2017 17h41
Reprodução Reprodução Para Dimas, é bem claro que o cenário político e econômico foi completamente afetado com a operação.

Augusto Nunes recebeu no programa Pergunta Não Ofende desta semana Dimas Eduardo Ramalho. Com vasto currículo acadêmico, ele cumpriu três mandatos como deputado estadual e três como deputado federal, interrompendo o último para assumir uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado de SP (TCE-SP). No ano passado, foi presidente da instituição e também é responsável por uma série de modernizações no órgão.

Com grande envolvimento na política do país, Dimas não podia deixar de falar sobre o principal assunto nas manchetes nacionais: a operação Lava Jato. O conselheiro do TCE-SP enxerga a ação como fundamental para uma mudança de postura e lembrou que nunca antes grandes construtores e outros nomes de relevância na economia haviam ido ao banco dos réus. Para ele, é bem claro que o cenário político e econômico foi completamente afetado com a operação.

“Eu escuto falar: “ah, mas isso não vai dar nada”. Como não vai dar nada? Já deu. (…) A Lava Jato vai ficar para o resto da vida. Tá começando a aterrizar, mas vai aterrizar com calma, segurança, com punições e com lições que serão pro resto da vida.”

“A população sente isso. Porque quando vê uma pessoa de posse, sendo presa, entra tudo. Nova delação premiada, o bloqueio dos bens, a devolução do dinheiro público. Então, eu acho que, sem dúvida, tanto o Ministério Público, como poder judiciário, como polícia, cumpriu o papel”, afirmou o ex-deputado.

Dimas lembrou como a operação contra a corrupção começou na Itália, quando um suposto esquema dentro de um pequeno asilo no interior do país chamou a atenção das autoridades. Posteriormente, foi revelado que pessoas da alta cúpula política da Itália estavam envolvidas e que o buraco era muito mais embaixo. O mesmo aconteceu com a Lava Jato no Brasil, que começou com a investigação em um posto de Brasília e, seguindo o dinheiro, se descobriu fatores muito mais graves do que era esperado.

Diante disso, o ex-deputado não podia deixar de falar sobre o trabalho feito por procuradores e juízes, peças com alto protagonismo na operação. Segundo Dimas, essas autoridades precisam “falar menos” para que não haja chance de suas decisões serem questionadas no futuro. E, quando o assunto é juiz e Lava Jato, não tem como não lembrar do juiz Sérgio Moro, quem o conselheiro do TCE-SP classifica como “prudente”.

“Ele não diz nada além do que ele falou nos autos. Ele não avança o sinal da prudência. Ele repete teses. O que não pode é dizer: ‘eu acho que esse daqui vai ser condenado no futuro’. Aí não”, disse Dimas, que afirmou que, após a operação, a corrupção no Brasil “nunca mais vai ser igual”.

Confira no vídeo abaixo a entrevista completa de Dimas Eduardo Ramalho.

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