Londres critica pena de morte para britânico no Paquistão por blasfêmia

  • Por Agencia EFE
  • 24/01/2014 17h48

Londres, 24 jan (EFE).- O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido condenou nesta sexta-feira a pena de morte que um tribunal do Paquistão impôs ao britânico Mohammad Asghar, de 70 anos, pelo delito de blasfêmia.

O governo britânico “se opõe à pena de morte por princípio, em qualquer circunstância”, e deu “apoio consular” a Asghar desde que foi preso em 2010 acusado de ter se declarado publicamente profeta, informou o Foreign Office em comunicado.

A secretária de Estado das Relações Exteriores, Sayeeda Warsi, afirmou que a diplomacia britânica elevará agora sua preocupação “nos termos mais enérgicos possíveis” perante o governo do Paquistão.

Ashgar foi sentenciado ontem por um tribunal da cidade de Rawalpindi, vizinha de Islamabad, por ter escrito cartas a diversas pessoas, entre elas um policial, nas quais se apresentava como um profeta.

A Anistia Internacional (AI) exigiu, por sua vez, que o Paquistão liberte Ashgar “imediatamente e incondicional”.

A subdiretora da seção asiática da organização, Polly Truscott, sustentou hoje em comunicado que o cidadão britânico padece uma doença mental – como alegou a defesa – e “não merece castigo algum” por seu comportamento.

“As leis paquistanesas contra a blasfêmia são aplicadas indiscriminadamente contra muçulmanos e não muçulmanos, e violam os direitos humanos básicos de liberdade de religião e de pensamento”, considerou Polly.

Ela reivindicou ao governo de Islamabad que libertem Ashgar e reforme leis que promovem o clima de “violência religiosa e perseguição”.

A legislação antiblasfémia do país surgiu no período colonial britânico para frear choques religiosos, mas nos anos 80 várias reformas impulsionadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq deram asas aos extremistas para abusar da lei.

Desde então, foram mais de mil acusações por blasfêmia, embora em nenhuma delas tenha sido aplicada a pena de morte. EFE

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