Mais de 16 mil empregados da indústria recebem bolsa Lay-off

  • Por Camilla Feltrin/ Jovem Pan
  • 17/07/2015 11h59
SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP - 10.06.2015: EMPREGADOS DA MERCEDES ACAMPAM EM SBC - Cerca de 300 trabalhadores demitidos pela Mercedes-Benz em São bernardo do Campo, estão acampados em frente à fábrica para protestar contra a demissão de 500 funcionários de 715 que estavam em lay-off (suspensão do contrato de trabalho). (Foto: Antonio Cicero /Fotoarena/Folhapress) ORG XMIT: 934997 Antonio Cicero /Fotoarena/Folhapress greve na mercedes benz em são bernardo

Mais de 16 mil “bolsas qualificação” foram disponibilizadas para trabalhadores de todo o Brasil de janeiro a junho deste ano, segundo informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O benefício é válido para funcionários em regime de Lay-off, uma licença remunerada com aval do governo, empresa e trabalhador por até seis meses em momentos de crise. 

 As parcelas são pagas com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), mesmo cofre de onde sai o dinheiro do seguro-desemprego, e podem chegar até R$ 1.385,91 mensais. As empresas podem, mas não são obrigadas, a complementar o valor. O montante pago pelo governo federal para que estes cidadãos não engrossem a lista de desempregados equivale a R$ 25,7 milhões.  

Operador de produção da General Motors, Thiago Zampieri Cangussu está sem trabalhar desde maio e fazendo curso de 48 horas semanais com noções básicas de informática, metrologia e desenho técnico. ”Entendo o Lay-off como uma saída temporária tanto para os trabalhadores quanto para a empresa, mas existe um desconforto porque a maioria das pessoas nesta situação é pai de família que não sabe se continuará contratado ou não quando terminar o curso”, avaliou.

As aulas, na avaliação de Cangussu, engenheiro formado, pouco o ajudam, de fato, na qualificação técnica.  O pagamento da bolsa por parte do governo e complementado pela empresa, no entanto, só é pago para quem frequenta ao menos 75% do curso.  “A medida não era para afetar o salário, conforme nos explicaram, mas não está ocorrendo isso. Hoje eu ganho menos da metade do que recebia”, relatou.

A GM, sediada em São Caetano do Sul, na região do ABC paulista, é apenas uma das empresas do setor automobilístico que passam pelo “ajuste de produção”, motivado pela crise financeira e de consumo no Brasil.  

Ex-operário da Mercedes-Benz, José Djalma de Souza foi dispensado da empresa após 13 anos de serviço junto com outros 499 colegas em abril deste ano. Eles receberam um telegrama informando o desligamento após cumprirem de dez meses de afastamento e protestam com auxílio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC exigindo readmissão. “Fiquei cinco meses em Lay-off, um período muito angustiante com esposa e família perguntando por novidades em relação ao trabalho, e quando voltei prorrogaram o afastamento por mais cinco meses”, contou.

PPE

O Programa de Proteção ao Emprego (PPE), enviado pela presidente Dilma ao Congresso na primeira semana de julho, permite redução de jornada de trabalho e de salário em até 30% em momentos críticos da economia e deve ser outra opção a ser adotada pelas empresas em alternativa ao Lay-off. O programa, defendido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), já vale como Medida Provisória.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José do Campos, atrelado a Conlutas, discorda da ideia e considera que o PPE joga a “conta da crise nas costas dos trabalhadores” e alcunhou o programa informalmente de “Plano de Proteção aos Patrões”. “As grandes indústrias, principalmente as montadoras, têm condições de enfrentar o atual momento econômico sem penalizar os trabalhadores. Essas empresas já lucraram demais e ainda têm muita gordura para queimar”, falou o presidente do sindicato Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

A entidade, que representa 892 assalariados em Lay-off no interior do estado, pretende articular que o item “estabilidade no emprego nos tempos de crise” seja incluída na medida.

 

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